
"...Eu entendo a juventude transviada
Uma mulher não deve vacilar
Cada cara representa uma mentira
Nascimento, vida e morte, quem diria..."
Se o melhor conselho for o silêncio?
Se jogar não fizer nenhum sentido?
E se sorrir não for o melhor remédio?
Ou se meu tédio não passar?
Se eu não ouvir melodias leves?
Se eu não quiser palpites?
Se eu não gostar de opiniões?
Se eu for livre?
Ou for cruel comigo mesma?
E se eu for fraca?
Se eu tiver contratempos, uma pausa pra quaresma?
Cortar as fotos em tiras?
Não suportar viver de mentiras?
Ou aceitar alguns dias tristes?
Se eu não quiser mudar?
Ou preferir ficar sozinha?
Detestar as canecas da cozinha?
Se eu faltar à missa ou nem sequer acreditar?
Se não houver esforço pra esquecer?
Ou a razão pra me curar?
Se me desfaço em contradições?
Ou não tolero suas diversões?
Nem seu sorriso, nem tanta confiança?
E se eu agradar meu ego?
Se eu não quiser mais dançar?
Ou não mais souber o passo da dança?
E se um mês for muito pouco?
E cinco meses for tempo demais?
E se eu preferir ficar muda, ignorar os sinais?
Ou se gritar alto esse desejo?
Mudar os meus planos, começar um novo ano?
E se ainda não tiver idade?
Ou identidade?
Se eu me orgulhar do meu nome Verdade?
Ou se esse fosse meu único orgulho?
Se eu não visto minhas roupas usadas?
Se eu quero ser respeitada?
Eu quero.
Eu não preciso de terapeutas, nem de drogas de farmácia. Quero me sentir. Tenho direito a estação, a opção, a prestação. Eu não simulo boas fortunas, não aparento o que não sou. Se for isso o que chamam loucura, não me importo em me deitar com ela. Não vou agir por convivência nem me esforço pra ser mais um reles, normal.
Frida