tag:blogger.com,1999:blog-66853556181686806062024-02-18T21:05:22.837-08:00Dias de FridaEscrevo para me conhecer e entender o que me é desconhecido. Acredito na força das palavras. Cada personagem que crio, um mundo novo de sensações me domina. Assim, nos tornamos amigos pela eternidade porque são eles que me constroem aos pouquinhos.
Frida é a porta voz para o mundo. Meu grito. Através dela eu demonstro meus segredos mais complexos nunca revelados. Tudo que for daqui tirado deve ter meu nome ou o dela.
TaináTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-56572589706393318052011-03-11T08:15:00.000-08:002011-03-11T12:12:49.442-08:00Quartas-feiras<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd0EvGMs32-BzDeQMcZHbfRi9na-NVR9Hx3pSFNHqdGGthU67hAOdndTrQm2rHT3B4elLZt3TTjaocrAdajHjjnhzU0m-Exg73lTt_gXySaq5uF7nxVfeUMv0274Zj7TWvXd8XjHSdfPE/s1600/Casal+e+Piano.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd0EvGMs32-BzDeQMcZHbfRi9na-NVR9Hx3pSFNHqdGGthU67hAOdndTrQm2rHT3B4elLZt3TTjaocrAdajHjjnhzU0m-Exg73lTt_gXySaq5uF7nxVfeUMv0274Zj7TWvXd8XjHSdfPE/s400/Casal+e+Piano.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5582877394735978754" /></a><br /><br /> "Aqui de longe sinto a falta que me faz<br /> Abraço um travesseiro, ele não fala muito<br /> Mas diferente dos mármores que me rodeiam<br /> É pequenino e aconchegante." G.M.R.C.<br /> <br /> -E qual seria tua idéia de paraíso?<br /> -Um quarto escuro, cheirando a caros charutos cubanos, o melhor piano existente, bons livros. Estou me masturbando nesse quarto.<br /> Sábias palavras a se dizer naturalmente no primeiro encontro. Depois de algum tempo, ele me confessou que toda aquela interessante sinceridade provinha do êxtase alcóolico. De qualquer forma, o charuto havia me impressionado. Perguntei-me se algum dia chegaria a fazer parte do seu paraíso. Eu nunca quisera pertencer a um, mas de repente a idéia me pareceu por demais saborosa. Então achei graça ao pensar que poderia algum dia participar do sonho de alguém. Ainda mais sendo este tão divinamente pecaminoso. Como eu sonhava com o pecado. Tão atraente, tão belo. Eu talvez tivesse talento, bastaria me livrar do fardo da castidade. Apenas. E senti uma inferioridade tão absurda perante àquele homem que resolvi esquecer essas tolices. Eu era só um ser desconhecedor da própria sexualidade. Patético. Mas, um dia, ele me beijou.<br /> Nessa solidão de tarde de quarta-feira, minhas reminicências parecem longínquas. Eu sinto sua falta. Todo o meu corpo a sente. É estranho, mas ultimamente não tenho tido dificuldades ao mencionar sobre meus desejos. No início era tão constrangedor. É mesmo encantador parir idéias exatamente como foram geradas. Tenho sido mais sincera neste ponto. Sinto falta de seu pau, assim como sinto das nossas conversas, dos lábios críticos e quentes que só ele sabe ter. Foi com esse homem que vivi meu primeiro "date", meu primeiro banho demorado, meu único filho. Nesse momento imagino cenas lascivas, tórridas, dias de ternura, seu nú tão artístico. Eu nunca me imaginei tão naturalmente segura e nua na presença de um ser humano, nem eu mesma. Eu nunca milhões de detalhes, antes dele.<br /> Parece-me até que cada vez que se despede arranca meu útero para levar consigo. Nesse exato instante sou velha, seca, infértil. Enquanto a chuva despenca no chão do meu quarto e provalvelmente nos buracos do teu, espero que esse sangramento acabe para que eu possa ser mãe outra vez, meu bem.Taináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-91697401811629183592010-04-04T15:22:00.000-07:002010-04-04T15:50:14.536-07:00Monólogo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjODwqYd7Qs9wI3c72SPL3uAtR7aWSISmVrQIZ7eSQ1LmLVVDsubnuyG_4FVSnHHWiJjKfVosXQ49XUNkQkYAWF65QaSfPDXJEh3Rb_ZuqFVGH5VDu_cqV42Y-l6jhoWAErWL0NjK9hfo/s1600/ruiva86.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 288px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjODwqYd7Qs9wI3c72SPL3uAtR7aWSISmVrQIZ7eSQ1LmLVVDsubnuyG_4FVSnHHWiJjKfVosXQ49XUNkQkYAWF65QaSfPDXJEh3Rb_ZuqFVGH5VDu_cqV42Y-l6jhoWAErWL0NjK9hfo/s400/ruiva86.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456418358096521122" /></a><br /><br /><br />'Você, precisa saber de mim.<br />Beby, eu sei que é assim.<br />Você precisa tomar um sorvete na lanchonete,<br />Andar com a gente, me ver de perto.<br />Ouvir aquela canção do Roberto.<br />Você, precisa aprender inglês,<br />Precisa aprender o que eu sei e o que eu não sei mais.<br />Baby, leia na minha camisa: I love you.'<br /><br />Nós não combinamos com a dor, pensou. Andava cantarolando a música feita pra ela. Às vezes a dor era tão funda, em cada lembrança, em cada dia morto. Músicas mortas tocando na rádio. Sempre me pegam de surpresa, as músicas. Nossas. Não, músicas tuas, feitas por você que nem se lembra mais. Nunca mais se lembrou do porquê das suas próprias canções. Será que se lembra? A cada vez que canta, ensaia nos sábados de sol, será que se lembra? Acho que não. Era hora de viver outra vez, tentar ir lembrando aos pouquinhos, chorar dia sim, dia não. Tinha passado muito tempo sem sentir o gosto do mar. E não há cura sem mar.<br /><br />'Já é semana que vem', disse alto e notou que olhavam pra ela no asfalto. Semana que vem a dor vem mais forte. Semana que vem já é tempo de enfrentar a dor. Perceber que nem tudo está morto. Ver a vida brilhando nos olhos dele. Ela vai chegar em casa e tentar se olhar no espelho. O olhar cheio de vida vai contrapor a morbidez do olhar dela. ‘Eu sei que é assim. Sempre foi’. Vai olhá-la e se sentir culpado. E novamente vai ter sua felicidade atrapalhada. Vai sentir pena, a mesma piedade que ela sente sobre si mesma. Ele vai tentar desesperadamente parecer normal, perguntar banalidades. Disfarçar, ressaltar que não existe estranheza sem sentido. <br /><br />Ela ainda pensava no que responder. Tinha de decorar alguma coisa. Ele teria mil coisas pra contar, novidades surpreendentes, pessoas maravilhosas e interessantes. Mas não contaria, não era cruel. Também nem havia mais intimidade pra dizer a verdade. Ela ainda pensava no que responder. Diria: ‘Tenho tomado antidepressivos, ido à terapia, estudado bastante pra fingir que sou bem ocupada’. Ela não diria isso. Patético demais, dependente demais. Não havia mais intimidade para verdades. ‘Bom, às vezes eu vou ao cemitério, me sinto bem no meio de túmulos velhos. Tenho ido a velórios também. Sempre morre alguém, meio chato. Nunca mais falei de você pra ninguém. Pareço até feliz, olhe só, percebe? Só aquelas velhas crises mesmo. Eu ainda escrevo, muito. Vou à escola, as mesmas pessoas, a mesma rotina, mesma vida. Vida é assim mesmo não é? Minha terapeuta disse que não existe alguém que sorri o tempo todo. Ela não lhe conhece. Ainda canto, grito, durmo mal. Eu não mudei muito, mas mesmo que um dia eu mude, sempre pode aparecer de vez em quando. Meu remédios perderam o efeito, vou ter de trocar. Irônico. Parece que você adivinhou quando escreveu aquele verso, se lembra? Parece que adivinha tudo. Nossa como eu sou irritante, desagradável. Desculpe.’ Olhos baixos. Pena, culpa e dor. ‘Bem, sempre torço muito por você, sabe disso. Até mais então. Parabéns, de verdade. Um dia liga pra gente soltar pipa. Ah, feliz páscoa atrasada’... Meu bem.Taináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-6518700458953374402010-01-17T17:17:00.000-08:002010-01-31T16:47:48.779-08:00Sou eu<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVfVy3mHgMvgzeVLLll3ESOTz_42vWlxOzBsW6H2Qt0HtQXZLowge4HEdj4mgxrzpfqri7a9Snh2z4TTjx26E6uSzPWup2pfqEUqtvrQYC56Rforme93DQYsT_RQAW0cWYBw1oDW55F9M/s1600-h/anivers%C3%A1rio+de+Elys+093.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVfVy3mHgMvgzeVLLll3ESOTz_42vWlxOzBsW6H2Qt0HtQXZLowge4HEdj4mgxrzpfqri7a9Snh2z4TTjx26E6uSzPWup2pfqEUqtvrQYC56Rforme93DQYsT_RQAW0cWYBw1oDW55F9M/s400/anivers%C3%A1rio+de+Elys+093.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427885922126194994" /></a><br /><br />Eu sou a pessoa que borra as unhas de esmalte vermelho, as mãos e os pés, mas nunca limpa os excessos.<br /><br />Sou alguém que compra lutas políticas, e que realmente se dedica a elas como se pudessem fazer alguma diferença. <br /><br />Talvez com um pouco de dificuldade pra dormir e a paixão declarada em andar de madrugada com uma caneca de café na mão.<br /><br />Sou um alguém que cansa facilmente as pessoas.<br /><br />E que se revolta com defuntos históricos ou personagens de seriados nacionais.<br /><br />Tenho mania de interpretar outras vidas em frente ao espelho e conversar sozinha para disfarçar a solidão.<br /><br />Monto diálogos românticos em inglês enquanto ando pelas ruas. Isso faz com que os caminhos pareçam mais curtos.<br /><br />Sou a única pessoa que conheço que imita coelhos com a boca quando está nervosa.<br /><br />A única que tem como peça preferida do guarda-roupa, uma calça de pijamas usada cheia de bolinhas azuis. E às vezes quando meu orgulho ultrapassa os limites, eu gosto de passear pelo bairro vestida assim.<br /><br />Sou alguém muito apegada ao passado, tenho uma notável resistência pra reconhecer que sou desse século mesmo, e às vezes sonho que moro num antiquário.<br /><br />Sinto vontades repentinas de dançar sem regras, então eu danço pela casa de uma maneira que parece demonstrar o que escondo por dentro.<br /><br />Aprecio músicas clássicas e fantasio que toco piano divinamente enquanto vou dedilhando o alfabeto do meu teclado.<br /><br />Sou aquela que lê o tempo todo nos intervalos das aulas, mesmo quando o livro não é interessante.<br /><br />As vezes acho que sou ninguém.<br /><br />Isso é tudo que eu sei de mim.<br />Essa é minha forma de ser especial.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-13522847406834430802010-01-16T09:49:00.000-08:002010-01-16T09:57:02.786-08:00Beatriz<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg54LS9liPb0PBl-LChZ8DRhobtR3I-8yH1PHrsg_sgDJJtb1EnNP3r9mFBfhon8sAINm43wV5THIjEWvlmGA2uPLBnfiKcxOzlE9OxlC8g0GZaueC7BF0ndX3DDhdzUQtW-6xXRMZx49g/s1600-h/OgAAAFOG4lPzim6Wa4aEcCrnW-fCpPWB9w2EYNKVqBKGIXec6g40S3iTik0NiazDoJ66t_o4TGlY-sFDwJDlu23wdaIAm1T1UNHA3z2ulei1BaG26FAYPROA0kGW.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg54LS9liPb0PBl-LChZ8DRhobtR3I-8yH1PHrsg_sgDJJtb1EnNP3r9mFBfhon8sAINm43wV5THIjEWvlmGA2uPLBnfiKcxOzlE9OxlC8g0GZaueC7BF0ndX3DDhdzUQtW-6xXRMZx49g/s400/OgAAAFOG4lPzim6Wa4aEcCrnW-fCpPWB9w2EYNKVqBKGIXec6g40S3iTik0NiazDoJ66t_o4TGlY-sFDwJDlu23wdaIAm1T1UNHA3z2ulei1BaG26FAYPROA0kGW.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5427397398832164098" /></a><br /><br />'...Me leve para sempre Beatriz,<br />Me ensina a não andar com os pés no chão...'<br /><br /><br /> Um dia conheci uma garota. Quando eu já não tinha ninguém, e não tinha presentes, nem alegrias, nem sabia quem era eu. Conheci meio que por conhecer, numa noite que lembro sem mesmo fechar os meus olhos. Num tempo em que nada parecia muito interessante, ela apareceu. <br /><br /> Aconteceu no meio de muita gente, e como um raio de luz no escuro, ela puxou toda a precária atenção que eu tinha reunido dentro de mim (sempre fui um pouco distraída). Num segundo, ela desapareceu com tudo que eu tinha a minha volta e fez do meu corpo uma estátua comum, de cera branca, daquelas que não tem graça nem cor. Eu até podia ver na íris dela, bem de longe, o mundo novo que me esperava: as certezas reconstruídas, os momentos fascinantes, o que eu ainda ia aprender. Vi o mundo sem mesmo conhecê-la, eu que ainda não podia ver, encontrei no escuro a menina dos olhos dela. E nesse instante percebi que não podia perdê-la, não suportaria ter um mundo por segundos e deixá-lo partir sem me tocar de algum jeito.<br /><br /> Ela parecia sempre distante, e por mais que os dias passavam e quanto mais me aproximava dela, maior ela se tornava. Explicou-me sobre música, me deu aulas de inglês, me ensinou a rir de coisas simples e chorar por elas também. Entendia meus oceanos sem motivo e um dia me contou que também chorava sem razão. Éramos o desespero, uma da outra, o consolo encontrado em não saber o que dizer, só entender o que sentir. E os planos que fazíamos, o quanto nós cantávamos, os nossos amores juvenis. Tantas foram as vezes que dividimos cores, e nos demos conselhos que não seriam seguidos, dividimos tristezas também, e felicidade.<br /><br /> A Beatriz me contava sobre seu dia corrido, sobre uma infância sem dança, sobre desenhos nas paredes e amigos distantes. Ouvia minhas histórias, minhas revoltas, me abraçava em tempos escuros, tirava fotografias. Éramos admiradoras de quase as mesmas pessoas, amor. Existiam muitos problemas também, escolhas a serem feitas, perdas dolorosas, mas eu sempre me orgulhei da coragem que ela tinha de enfrentar o que viesse. Não era uma coragem armada, daquelas que a pessoa finge que não sente. Ela sentia, e mostrava, e era tão maior por isso. Eu sempre apoiei também, como ela me apoiou em tantos momentos. Em muitos dias, tropeçamos, com freqüência eu lutava por laços que não era válido lutar. Ela também me ensinou muito sobre a luta. Ensinou como se recupera um orgulho perdido e me ajudou a ter o meu de volta.<br /><br /> Vários filmes ela me indicou e vários assistimos juntas. Em todos os encontros, estivemos presentes, se não juntas, nos juntávamos à saudade. Ah, como eu senti saudades. Como as semanas foram longas, e vazias sem que eu pudesse me preencher com o sorriso dela. Havia tardes de livros e achocolatados, risos, perguntas e respostas. Beatriz tinha um jeito próprio de falar, algo que reforçava alguns sons principais, talvez a língua meio presa, não totalmente, não consigo explicar. Tinha um trejeito com a mão em que dobrava os pulsos, um charme que ela dela e que eu nunca a contei que tinha. Era sempre muito preocupada com algo e tinha milhões de pequeninas nuances importantes, era detalhista. Um pouco de ciúme talvez, medo de perder o que nos tínhamos, como se fosse possível perder. Era inundada de nostalgia, assim como eu, e assim eu sempre tinha alguém com quem temer a distância do futuro. Eu me sentia um pouco criança perto dela, não infantil, é que ela me trazia algo que eu devo ter perdido quando menina, ou que talvez nunca cheguei a conhecer.<br /><br /> Se eu tivesse que escrever um livro sobre uma mulher, era sobre ela que eu escreveria: a mulher que eu a via se transformar. Em nenhum momento perdi o interesse sobre uma mente tão rica de percepções e sentimentos. E a transparência que eu via dentro dos olhos dela, e do sorriso e das palavras, era a mesma transparência que eu conhecia quando me olhava no espelho. Ela não sabia fingir, e juntas não mentíamos pro mundo sedento de julgamentos.<br /><br /> Certo dia Beatriz veio me perguntar receosa se um dia nos esqueceríamos uma da outra. Esse talvez seja o motivo dessas letras. Quero provar a minha amiga que mesmo depois de todos esses anos, eu nunca a esqueci. Nunca pude apagar os momentos mais lindos da minha juventude, em quase todos, eu a vejo sorrindo. Talvez eu até tenha desejado adormecer o amor pra que doesse menos lembrar, para que a nostalgia não me deixasse cada vez mais velha. Naquele dia ela perguntou e eu senti um tanto de medo no fundo da gente. Então me lembrei de uma verdade que espero que ela tenha descoberto em todo esse tempo. Minha amiga, assim como eu, morava num planeta distante de número B612. E quem morou comigo algum dia nesse planeta, não consegue ir embora jamais.<br /><br />- Oi, qual é o tom desse vermelho?<br />- É magma.<br />- Nossa, é lindo.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-16887258875987390072009-12-03T05:28:00.000-08:002009-12-03T05:52:35.229-08:00Jornal<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPQVfu7pxE0tZ_CE44Xlw6UWr5RZTmJXK5K-pExQlDnXiW7lpTTApvXiq5zCZD7mIYXJR0hBttKtK7kDYYSKUR0iHXF_FBSzgmTXyo6cLx4YsW1sL9S1BCwin3faPC3URU2zWKSFIP0-A/s1600-h/2976249389_b2b662a267.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 314px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPQVfu7pxE0tZ_CE44Xlw6UWr5RZTmJXK5K-pExQlDnXiW7lpTTApvXiq5zCZD7mIYXJR0hBttKtK7kDYYSKUR0iHXF_FBSzgmTXyo6cLx4YsW1sL9S1BCwin3faPC3URU2zWKSFIP0-A/s400/2976249389_b2b662a267.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5411006893222419858" /></a><br /><br /><br />'...Mamãe quando eu crescer<br />eu quero ser rebelde,<br />Se conseguir licença<br />do meu broto e do patrão...'<br /><br />Calço o All Star vermelho,<br />Bebo uma dose do mundo<br />No jornal.<br />Olho-me fundo no espelho,<br />Vejo só contradição.<br />Eu disfarço o egocentrismo,<br />Simulo um heroísmo,<br />Engano a solidão.<br />Levanto o muro de Berlim<br />Releio os manifestos:<br />Tenho dúvidas ou protestos?<br />Desejo um teorema que destrua esse dilema,<br />Algo de palpável fim.<br />Minto que eu temo<br />Pelo vício do futuro:<br />Ganância, fome, falta de esperança,<br />Palavras de cunho social.<br />São só lapsos de exagero<br />Frutos do meu destempero,<br />Tal e coisa, natural.<br />Sou um prédio de egoísmo,<br />Alicerce de fraqueza,<br />Fortaleza é a tinta<br />Que mascarei a construção.<br />Protejo-me com grossas cortinas<br />Panos vermelhos de sangue e de ferro?<br />Os fantasmas eu desenterro<br />Nunca peço perdão.<br />São cortinas os meus cabelos,<br />Brilhantes panos:<br />Vermelhos.<br />Apagando os olhos fracos,<br />Escondendo a escuridão.<br />Tranco as portas do altruísmo,<br />O caminho é o abismo.<br />Só o eu é que interessa,<br />Liberto a mente dispersa,<br />Cubro-me de atenção.<br />Sou alguém bem desprezível<br />Diluída em comunismo<br />Moléculas de pretensão<br />Caráter amoral.<br />Como o alvo que critico<br />E os poemas que publico<br />Nas longas páginas<br />De Jornal.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-76876518266086852512009-12-02T13:55:00.000-08:002009-12-02T14:42:59.800-08:00O sol<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGWBLuHmoSy6-6227Cy_Ia3evaDcE2ekb_tuDNX8gN_X__6YAlu2npCiS0BXA08NTq0T6yvK-FEZH0DybS4IFEwTAP3GMHDiZDVa-wwypQhwVscjz0xb72UDl83sinMf38oeLN3GH7HtQ/s1600-h/o_sol.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGWBLuHmoSy6-6227Cy_Ia3evaDcE2ekb_tuDNX8gN_X__6YAlu2npCiS0BXA08NTq0T6yvK-FEZH0DybS4IFEwTAP3GMHDiZDVa-wwypQhwVscjz0xb72UDl83sinMf38oeLN3GH7HtQ/s400/o_sol.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5410773030293005938" /></a><br /><br />‘... Desenho toda a calçada,<br />Acaba o giz, tem tijolo de construção.<br />Eu rabisco o sol que a chuva apagou... ’<br />Renato Russo<br /><br />Se o sol não levantar,<br />Eu o rabisco no chão.<br />Minha calçada está vazia,<br />É ausente o meu dia,<br />Estação de ventanias,<br />Minha preferida canção.<br /><br />Se eu um dia eu vi o sol,<br />Ele se foi quando choveu.<br />A tal calçada eu desenho,<br />A aquarela eu já não tenho,<br />Aqueles filmes eu resenho,<br />Relembro o sol que era meu.<br /><br />Mesmo que o céu escureça,<br />E de mim esse sol se esqueça,<br />Eu rabisco outra vez.<br /><br />Sinto o sol se apagando,<br />O mau tempo vem chegando,<br />O verão me refez.<br /><br />O meu sol já vai embora,<br />E me pede pra deixar?<br />Se não vejo a aurora,<br />Já nem posso brincar lá fora,<br />Então volto a rabiscar.<br /><br />O Renato me sorri.<br />A canção chega ao seu fim.<br />Ele diz que é sempre assim:<br />Eu desenhando, ele a cantar.<br /><br />Frida.Taináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-28340995818710795202009-10-15T16:11:00.000-07:002009-10-15T20:34:27.599-07:00Alternativa<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm5r4L06XSo3D5IGGMa34WYeXeE4v01_YdaAmiwZs__nDEOaDWzZuppBrp5uzu8CMoVnHq13w6crjvwlvj5HbpqPEdU6XZ011mXGrNNXC3PvsapK8nMJvHxL0D0rcdEiyYJEoZIVX37gk/s1600-h/olhos.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm5r4L06XSo3D5IGGMa34WYeXeE4v01_YdaAmiwZs__nDEOaDWzZuppBrp5uzu8CMoVnHq13w6crjvwlvj5HbpqPEdU6XZ011mXGrNNXC3PvsapK8nMJvHxL0D0rcdEiyYJEoZIVX37gk/s400/olhos.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392969003207694178" /></a><br /><br />"...Eu entendo a juventude transviada<br />Uma mulher não deve vacilar<br />Cada cara representa uma mentira<br />Nascimento, vida e morte, quem diria..."<br /><br />Se o melhor conselho for o silêncio?<br />Se jogar não fizer nenhum sentido?<br />E se sorrir não for o melhor remédio? <br />Ou se meu tédio não passar?<br />Se eu não ouvir melodias leves?<br />Se eu não quiser palpites? <br />Se eu não gostar de opiniões?<br />Se eu for livre? <br />Ou for cruel comigo mesma?<br />E se eu for fraca?<br />Se eu tiver contratempos, uma pausa pra quaresma?<br />Cortar as fotos em tiras?<br />Não suportar viver de mentiras?<br />Ou aceitar alguns dias tristes?<br />Se eu não quiser mudar?<br />Ou preferir ficar sozinha?<br />Detestar as canecas da cozinha?<br />Se eu faltar à missa ou nem sequer acreditar?<br />Se não houver esforço pra esquecer?<br />Ou a razão pra me curar?<br />Se me desfaço em contradições?<br />Ou não tolero suas diversões?<br />Nem seu sorriso, nem tanta confiança?<br />E se eu agradar meu ego?<br />Se eu não quiser mais dançar?<br />Ou não mais souber o passo da dança?<br />E se um mês for muito pouco?<br />E cinco meses for tempo demais?<br />E se eu preferir ficar muda, ignorar os sinais?<br />Ou se gritar alto esse desejo?<br />Mudar os meus planos, começar um novo ano?<br />E se ainda não tiver idade?<br />Ou identidade?<br />Se eu me orgulhar do meu nome Verdade?<br />Ou se esse fosse meu único orgulho?<br />Se eu não visto minhas roupas usadas?<br />Se eu quero ser respeitada?<br />Eu quero.<br /><br />Eu não preciso de terapeutas, nem de drogas de farmácia. Quero me sentir. Tenho direito a estação, a opção, a prestação. Eu não simulo boas fortunas, não aparento o que não sou. Se for isso o que chamam loucura, não me importo em me deitar com ela. Não vou agir por convivência nem me esforço pra ser mais um reles, normal.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-10033502694717173642009-10-15T07:15:00.000-07:002009-10-15T20:22:57.485-07:00Mudança<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIlFz1uBQvR0EtMxAkbbanJJx1ZSDPo_BJXXycSCNDzQemPcVGpT0MFwxUVeq7dXtHAMQQmki9kmXj91_YvrwI8_fAQyXfM4UIzDgHZ3W1QRQ8AutRJkvaCeZ-WGes7qQae4q8s_RgzrU/s1600-h/3292523951_8210ee9f11.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 266px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIlFz1uBQvR0EtMxAkbbanJJx1ZSDPo_BJXXycSCNDzQemPcVGpT0MFwxUVeq7dXtHAMQQmki9kmXj91_YvrwI8_fAQyXfM4UIzDgHZ3W1QRQ8AutRJkvaCeZ-WGes7qQae4q8s_RgzrU/s400/3292523951_8210ee9f11.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392840516962274642" /></a><br /><br />"...Me explica;<br />Me diz onde vim parar,<br />Pois quem sempre esteve aqui;<br />Já não está.<br />Eu tento imaginar outros planos,<br />que o tempo lento parece desfocar..." <br /><br />Arrancar as fotos da parede era de tudo a tarefa mais dolorosa. Talvez ela pudesse deixá-las ali mais um tempo. Mas sabia que não devia. Ou tinha realmente dúvidas. Não sabia de nada, mas se lembrava do que lhe recomendavam fazer. Nessas horas de mudança, todos sugerem algo, porque o que se quer não é o ideal. Ela nem tinha certeza se tudo que quis um dia era o ideal. Talvez tivesse errado sempre, talvez acertado, talvez sido feliz, ou não. Tempo de incertezas batendo na porta, uma insegurança que se materializava debaixo dos olhos vermelhos. 'Alergia irritante deixando meus olhos e o nariz assim. Alergia, é só alergia.'<br /><br />Os CDs embalados nas caixas, filmes e músicas, as cartas. Roupas de cheiro bom que ia se perdendo no meio da bagunça. Ou não sentia mais cheiro porque são as roupas que ela costumava cheirar pra dormir melhor. As roupas perdem o cheiro próprio quando se dorme com elas. O plano era sempre trocar as peças pra que o cheiro sempre a fizesse dormir. 'Preciso de um plano novo.' Quem sabe alguns comprimidos esquecidos na gaveta? Na hora da felicidade, sempre se esquecia dos amigos comprimidos. <br /><br />Colocou na caixinha uma blusa xadrez, alguns pedaços de panos velhos. Um nariz vermelho de plástico e queria colocar também a vermelhidão do seu nariz doente. Queria colocar a lembrança, a parte da cabeça que a impedia de pegar no sono. Jogar lá todo e qualquer sentimento, os ruins e os bons. E mandar eles todos de volta. Devolver como se devolve um CD arranhado a um amigo displicente. Ficar fazia e limpa de todo. Sem marcas. E depois tomaria de volta as parcelas felizes, os risos, a festa, a luz. E ficaria bem. E bem rápido. Pensou que ela já tinha escrito tudo o que ela sentira da outra vez. Ele sabia como ela estava agora. Ela se revelando de novo, em páginas que ela mesmo entregara em crédito à sinceridade. Era sempre tão sincera e agora isso a traia. 'Que vergonha!'<br /><br />'Mudanças são sempre complicadas assim mesmo. Eu sei.' Pensa em quantos diversos outros dias vai ter de sentir novamente. Desânimo. Vontade de deitar. Dormir. Ou mudar de apartamento, de cidade, de país. 'Mudar de país me parece tão interessante. Sempre quis mudar bruscamente de ares.' Se lembra da viagem programada. E em todos os planos ela não está sozinha. Não quer mais viajar, nem mudar de país, nem Alemanha nem Rússia, nem filhos, nem casa vermelha, nem filmes, nem rock nem roll. Até Marx agora perdeu a importância. Só ela é importante. E o que ela quer fazer agora, sendo certo ou errado. Ela quer se deitar, deixar a mudança pra depois. Ou nem mudar coisa nenhuma. Ficar assim. Deitada com o nariz doente.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-45397060097126377272009-10-10T09:26:00.000-07:002009-10-15T16:24:26.565-07:00Amanhã<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1gu1PfjKSHuzZBeX1Ohu2M4rhP5ONtPttXRBoxh4nXepXa4EhMR_XjcYIgcgxMKXwIYELR5isApN71ZwYk720MEn4NlRWtn2q0Rum3Jv6VFmg3jy6N6LxaLmN30IWjNxzs96612D5Dp0/s1600-h/2984744952_089089a255.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 209px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1gu1PfjKSHuzZBeX1Ohu2M4rhP5ONtPttXRBoxh4nXepXa4EhMR_XjcYIgcgxMKXwIYELR5isApN71ZwYk720MEn4NlRWtn2q0Rum3Jv6VFmg3jy6N6LxaLmN30IWjNxzs96612D5Dp0/s400/2984744952_089089a255.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392843109298792498" /></a><br /><br /><br />"...How the hell did we wind up like this?<br />Why weren't we able, to see the signs that we missed<br />And try turn the tables<br />Someday, somehow<br />I'm gonna make it all right but not right now<br />I know you're wondering when..."<br /><br /><br /> A hora em que volta a consciência. A pior de todas as horas, a mais cruel. Acordar é sempre o mais difícil. Ou se sentir acordada quando a vontade é dormir. À noite a vida parecia mais fria, mas dormir era um alívio por tal falta da verdade. A verdade que se quer esquecer. Acordar era ter tudo ali, bem vivo, respirando mais que ela. Respirar também era difícil naquele dia tão frio de verão. E sentia o sol no rosto atravessando a janela no quarto esquentando tudo que fosse superficial. E lá dentro: o frio.<br /><br /> Ainda de olhos fechados, vem a consciência de como a vida parece mudada de repente. Ania abriu os olhos e se enxergou tão viva que os fechou bem rápido de tanta dor. Acordar, respirar, se sentir viva. E a dor. Ela que vem batendo na porta das pálpebras cobrando a dívida que Ania não quer pagar. ‘Vamos, abra os olhos, enfrente a vida’. A dívida de abrir os olhos e suportar as imagens que eles irão ver como num filme antigo. Procura pela raiva, sua protetora. Ela é menor do que a raiva de ontem que a cada dia a abandona mais. A raiva a largando a sós com a própria dor. Está agora suplicando pra que esse sentimento sublime de desafeto não a deixe sozinha. Quer prolongá-lo até quando puder. Quer deixar a respiração mais fácil e necessita da indignação. Mesmo se não há mais motivos para tê-la. Mesmo se a raiva insiste em ir embora por falta de razão pra existir.<br /><br /> Agora a lembrança do que ela já fora e o que parece ser deitada na cama. A fortaleza perdida entre os lençóis. Fragmentos da cólera de outrora não encontrados debaixo do travesseiro. Como uma noite de sonhos pode dissipar um alicerce? Não se sente sozinha. Não há vazio. O que toma conta do estômago é um desengano. Seu engano não era com ninguém, não tinha alvo físico. Era a vida que a enganava. Ora se mostrava fácil, ora difícil demais. Não conseguia acompanhar essas mudanças bruscas de realidade. Ora era amada, ora não. Era incapaz de acompanhar as mudanças bruscas do amor.<br /><br /> Quis dizer a ele que a raiva não era do que ele costumava ser, a gana era de amor. Era de não conseguir imaginar alguém aceitando a solidão como um caminho. A raiva era da fuga, do medo, da falta de explicação para a distância. Ira daquela comodidade em sofrer só, para afastar um sentimento conjunto. Talvez ele não a amasse mais, mas ela não acreditava nisso. É complicado conhecer quem se ama. Ela não entendia como ele podia pensar assim. Era melhor que não a amasse ou procurasse por outra pessoa. Mas desistir do amor era tão triste e ela nem suportava aceitar esse destino para aquele alguém que ela amava tão puramente. Quis dizer isso tudo a ele, que não entendia e que era muito triste, mas não disse. Ficou calada, pediu pra ele ir embora, sentiu a cólera bem mais forte que nunca. Sentiu-a pulsando em todo corpo vermelho de sangue revirado. A revolta bombeando o sangue. <br /><br /> Quis muito sacudir aquele corpo conformado na sua frente e pedir reação. Suplicar que suportasse e não desistisse de sentir, que não adiantava ignorar o sentimento. Isso não fazia sentido algum pra ela que era tão passional. Ignorar o sentimento parecia tão fundo, tão vazio. E depois lhe ocorreu que um sentimento que podia ser ignorado era um sentimento qualquer, um sentimento sem importância. ‘O meu amor não é assim. Meu amor não pode ser simplesmente ignorado como se afasta um pensamento ruim. É um amor muito mais forte que isso, um amor bem mais forte que o seu. ’ Queria dizer, mas não disse. Saiu correndo paradoxalmente pra fugir daquela mesquinhez que ameaçava o amor que ela defendia tanto. E o surto de raiva a estremecendo compulsivamente. Palavras tão eficazes pra abrir uma ferida e encerrar uma discussão.<br /><br /> Ele lá sem compreender aquele súbito descontrole: um escândalo. O que não devia o assustar, pois ele bem conhecia sua intensidade em sentir. Mas a prática nunca é como se espera. Ele nunca tinha sido alvo de tanta ira, não tão expostamente como naqueles extensos segundos. O ódio nu. E não entendeu que na verdade o alvo não era ele, e sim aquelas palavras que subestimavam um amor tão declarado. O alvo era aquela submissão ao imutável, que não aceitava o desafio pra ser feliz. A raiva era disso tudo que ela presenciara naquele dia frio de verão. Nisso tudo que ela pensava deitada olhando fixamente pro teto do quarto, cansada de tentar lutar contra a dor. Cansada de fechar os olhos.<br /><br /> Talvez um dia ele compreendesse que esse pedido era impossível. Fingir não estava no seu intimo. Não era alguém que fingia. Até então, era isso que ela pensava que ele amava. E agora ele pedindo a ela pra suportar. Talvez um dia ele entendesse a incapacidade de Ania em ser cruel consigo mesma. Ela não aceitava provocar o mal a ela mesma como ele fazia a si mesmo. Ela não queria ignorar nada. Não queria fingir uma felicidade inexistente. Não queria que sua vida ficasse simplesmente um tudo bem mesquinho. Ania queria ser feliz outra vez. Sem mentiras. De verdade.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-394087925744363552009-06-19T22:54:00.000-07:002009-06-21T10:37:15.471-07:00Descoberta<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmiRpHVpYiblk-sR7PxXoagIUe3OGG7K1wwEB-EyIY4ZUTyCmn7o5WsfQ4SpHIKj_UFYCJ-yQtadmwb9u4EWQfUbTDAGjR5918yelkYdv6gB-FNFcAYXH1NsmnvVMZjhb9ljABAkV9JH0/s1600-h/2922461601_c368d21983.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmiRpHVpYiblk-sR7PxXoagIUe3OGG7K1wwEB-EyIY4ZUTyCmn7o5WsfQ4SpHIKj_UFYCJ-yQtadmwb9u4EWQfUbTDAGjR5918yelkYdv6gB-FNFcAYXH1NsmnvVMZjhb9ljABAkV9JH0/s400/2922461601_c368d21983.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5349293284672959986" /></a><br /><br /><br />"...Vai, começe a pisar <br />nas folhas caidas no chão <br />ouça o barulho que isso faz<br />e esqueça a idade em suas mãos<br />porque a música fica mais alta<br />se você quiser escutar.<br />Eu acho o diferente mais bonito<br />e todos dizem que é muito esquisito<br />eu gostar do que gosto..."<br />Felipe Godoy<br /><br /><br /> Então suspirou bem fundo e sorriu. Pensou na resposta pra essa pergunta por tantas pessoas feita e que outrora a incomodava tanto. <br />Para a menina, a pior mediocridade do homem era se acomodar a falta de vida. E com pavor ela suportava o precipício do futuro esperando para desprovido de sequer uma gotinha de pena, transformá-la em comodidade. A mocinha já sentia seu mal cada vez mais próximo. Mal que se aproximava sem escrúpulo algum a tornando cada vez mais acostumada a ser nada e nada fazer quanto a sua infelicidade. Uma solidão sem remédio. Ela já conseguia ver bem ali em sua frente, uma pessoa tão mesquinhamente comum, sem vida, sobrevivente. Antes a morte que a sobrevivência. <br /><br /> Ao contrário do que esperavam dela, esta miserável forma de vida não significava não ter uma boa carreira, filhos ou um casamento bem comemorado. Ela renunciava a tudo isso com uma veemência que tinha mais cara de medo. Só que ainda não conseguira entender o que planejava seu íntimo sedento de felicidade. O que sabia era que necessitava intensamente de vida. Justo ela, que era pálida de tão apática. Uma palidez vazia, de quem pouco tempo tem para encontrar um sentido. Como se o fim a esperasse na esquina. Como se quando feliz ela conseguisse ser, a vida acabaria de tanto sentimento bom. <br /> <br /> ( Ô garotinha destrutiva essa! Confesso que ás vezes me sentia enfadada de repará-la. Um fardo pesado ter de acompanhar sua existência desinteressante.)<br /> <br /> É cruel quando se passa a ter medo de você mesmo. Era ela quem a menininha temia. Medo da sua fraqueza demonstrada, da descrença, ilusão, uma fragilidade sem cor. Medo do que aquela mulher que se abriria num ovário preparado pudesse fazer de uma garota tão fracamente disposta. Toda ela era desmaiada. <br /> <br /> ( Acho que logo agora eu a julgo mal. Disposta ela era, faltava-lhe o caminho. )<br /><br /> E foi nesse tal dia, diante essa tal pergunta que se descobriu mudada. Não que a mudança fosse algo repentino. Ela mesma era a mais resistente a bruscas modificações. Guardava velharias com um complexo amor materno anterior aos filhos que nunca sairiam de dentro dela ( Novamente o tal receio do próprio ventre).<br /><br /> Mas enfim, vamos retornar ao tal dia frio, um tanto nublado até, dia feio como aquele em que nasceu essa estupidazinha. Foi numa manhã esdrúxula e tempestuosa, de aparência vazia que ela sorriu. Lábios até bem comedidos comparados ao alquimista que acaba de decifrar a fórmula filosofal. Procurou pelo medo. Inexistente. Então foi ter com a razão daquilo tudo, o motivo e o tempo duma metamorfose maluca. Sim, porque o propósito já lhe era conhecido. E estava ali, pulsando vermelha: a vida; toda dentro dela que era tão pequena. Sentiu-se borboleta. E toda uma existência de larva já parecia tão distante. Sem a costumeira nostalgia dos iniciantes insetos medrosos.<br /> <br /> Revirou-se toda procurando pelo tempo de lagarta. O intermédio de uma transformação tão surpreendente para sua limitada compreensão juvenil. E a partir daí começou a perceber o que um ano e meio tinham feito dela. Aquele último ano conturbado e cheio de insatisfações. <br /><br /> Então se culpou por não ter percebido tão grande mutação que vinha acontecendo em si. E se julgou ainda mais severamente por não reconhecer a razão de toda uma pupa construída. Ou melhor, o que havia possibilitado sua construção. Uma tal folha verde que havia suprido a sua falta de disposição para alimentar-se. Sua verde reserva; sua verdade. “Malditos olhos de lagarta inúteis e cegos.”. Olhos novos: VIDA.<br /><br /> Percebeu nesse momento que era bom estar ali. E pela primeira vez sentiu que a vida era bem mais fácil do que ela pintava. Agora ela tinha muito o que fazer, andava muito ocupada. A insistência da folhinha companheira em recuperar aquela lagartinha incolor, fez com que ela aprendesse a voar. Era uma borboleta carmim. Vermelha de tanta cor.<br /><br /> “O que tem feito menina?” <br /> “Tenho sido feliz.”<br /><br /> Uma nova resposta incomum para uma velha pergunta triste.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-20066129143712998072009-05-14T09:36:00.000-07:002009-05-14T10:05:14.543-07:00Caso<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8CVCLm3zfNkd5JntLaN9PGZDt0kBC9HLdAUA1h9DkgWsnKWvRonfeTFPdDXsDUNMJqTyrfADbM1Ub3bU7Z-X-D0T1aw88on6QQ1FjNxb7tcxbMImjpiU8_yAwTO-eFOj3vDKwWRQUjIk/s1600-h/1547684.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 266px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8CVCLm3zfNkd5JntLaN9PGZDt0kBC9HLdAUA1h9DkgWsnKWvRonfeTFPdDXsDUNMJqTyrfADbM1Ub3bU7Z-X-D0T1aw88on6QQ1FjNxb7tcxbMImjpiU8_yAwTO-eFOj3vDKwWRQUjIk/s400/1547684.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5335726426230375474" /></a><br /><br />"...Abrindo as portas pro seu elefante branco entrar<br />Contando as desformes formas que tenho pra estar<br />Quem sou que não mais quer ser pincel pra pintar<br />As coisas estranhas que penso e sou mais tarde<br />E as tantas histórias que empilham palavras na estante..."<br /><br />Então um dia ela o beijou<br />Interrompeu uma fala comedida<br />E pediu pra que ficasse um tempo a mais<br />Ela já não era imprecisa<br />Como fora há um tempo atrás<br /><br />Ele disse: “Só queria te ouvir.”<br />E tremia ao telefone<br />Ela o disse em baixo tom<br />Que ele a fazia sorrir<br />Quando transmutava seu pequeno nome<br /><br />Ele a pintava da coragem<br />Que acreditava que ela tinha<br />E tímido confessava ter medos<br />Ouvindo inúmeras bobagens<br />O temer dela em ser sozinha<br />Quando ela chorando, assumia seus defeitos<br /><br />Ele quis fazer de tudo um pouco<br />Ela ria e ele se achava bobo<br />Pensou em gritar pro mundo todo<br />Nem teve medo de ficar rouco<br /><br />Viver parecia tão fácil<br />Quando ele ouvia suas desventuras<br />Ela sentia tanto detalhe seu reparado<br />E narrava sua falta de tédio<br />Como num dia um tanto quanto desastrado<br />Disse a ela numa sinceridade sem remédio<br />“Posso dizer que estou apaixonado!”<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-57144036840701984632009-05-04T18:00:00.000-07:002009-05-04T19:32:57.835-07:00Praças<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIsoREeFFe7Mw0o1p-IVGJKpTK6VNcIPGU8Hr7y7vzMTtH0nyHDrZqdA-gbkhjL7R7ZdFLGoR2MvrW5_4ZMmQgVy7JS5YsvpCpDSpmqbZcchyl-NASHoGQspBoxjjylY6w_eO45Tx4IEU/s1600-h/praca4.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIsoREeFFe7Mw0o1p-IVGJKpTK6VNcIPGU8Hr7y7vzMTtH0nyHDrZqdA-gbkhjL7R7ZdFLGoR2MvrW5_4ZMmQgVy7JS5YsvpCpDSpmqbZcchyl-NASHoGQspBoxjjylY6w_eO45Tx4IEU/s400/praca4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5332156931374351602" /></a><br /><br />"...And the feeling that its all a lot of oysters, but no pearls<br />I am so ambitious for a juvenile<br />Cuz I like to be gone most of the time<br />If I stay in one place I lose my mind<br />I'm a pretty impossible lady to be with<br />I have trouble acting normal when I am nervous..."<br /><br /><br />Desejo as folhas caídas<br />Tons de verde remetem a vida<br />Não suporto esta cor<br /><br />Quero mortas as flores<br />Quero folhas mortas<br /><br />Expostas pessoas, sorrindo<br />Mascaram nas faces<br />Nossa busca por resposta<br /><br />Tal ausência de perguntas<br />Comodidade, carência<br />Nesse mundo-banalidade<br /><br />Sons de chaves batendo<br />Diálogos superficiais<br />E estas flores ainda crescendo<br />Impessoais nomes, vazios<br />Daqueles que marcham iguais<br /><br />Gente que anda, carros com pressa<br />Aprisiona-se em pedaladas<br />As bicicletas condicionadas<br />Tantas mentes vagas se atrofiam<br />Com propagandas, falsas gargalhadas<br /><br />Passos uniforme, disparados<br />Anúncios, chaves, carros<br />Sons devidamente sincronizados<br /><br />Melodia assoviada<br />Chaves que batem na calçada<br />E na calça do senhor<br /><br />Verde claro, verde pinho, verde musgo, verde<br />Eu não suporto mais essa cor<br />Aquarela minha e individual<br />Escuros, preto, o meu vermelho<br />Violetas que voam das pontinhas dos meus cabelos<br /><br />Movimento, som, movimento<br />Avulsas palavras, soluços convulsos<br />Carros que rodam esmagando pensamentos<br />Chaves que batem violetas que voam<br />Rostos constantes, passos exaustos<br />Vacilantes<br />Harmonia irritante<br /><br />Folhas nunca caem<br />Pessoas nunca calam<br />Imagens banais<br />Flores crescendo<br />Violetas voando<br />Fim de tardes naturais<br /><br />Então deitada no largo banco<br />Num instante me levanto<br />Alguém diz: “Hey Bruxinha!“<br />E sorri.<br />Vejo e sinto as borboletas<br />Num lampejo de desejo<br />Meu sorriso e frenesi<br /><br />“Bruxinha, Bruxinha!<br />Ruiva. Bruxa.”<br /><br />E a voz me desconcerta<br />Um segundo e me desperta<br />E com pesar eu me despeço<br />De um sorriso desconexo<br /><br />Procuro pesadas certezas<br />E olho em meio às violetas<br />Eu digo: “Shhh... Silencio!<br />Estás apenas na minha cabeça!”<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-36174086572626568392009-04-15T18:46:00.000-07:002009-04-17T15:47:56.285-07:00Os mágicos sorriem<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzGK5oKo01dAKgo0ouA9bgj2TJFRllFBVVy2tMp-4B1c9RR_dsbyjElfuH_vvsMSt7qtBjBATOjCStufPHSpz_6J5LKuLvfvvrKD_e2BRgOzpyHV_PgR3E3u5mK05dkOZ_ay34nqySVwQ/s1600-h/Amagica+sem+magia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 277px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzGK5oKo01dAKgo0ouA9bgj2TJFRllFBVVy2tMp-4B1c9RR_dsbyjElfuH_vvsMSt7qtBjBATOjCStufPHSpz_6J5LKuLvfvvrKD_e2BRgOzpyHV_PgR3E3u5mK05dkOZ_ay34nqySVwQ/s400/Amagica+sem+magia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325101099991067266" /></a><br />"...Vagalumes. Porque será que o vagalume pisca? Talvez ele não tenha o poder de piscar, mas à cada abraço que recebe, se cobre com o corpo que o envolve. Doando assim sua luz, então, há por segundos ausência da claridade. Quando vemos isso acontecer, ficamos com a impressão de que o 'ser minúsculo' está piscando, mas o inseto está apenas se lembrando dos abraços que recebe da Tangerine... "<br />Felipe Godoy<br /><br />Era um estado novo. A menina não sabia antecipar as conseqüências daquele sentir complexo. As conseqüências que mais tarde poderiam se materializar nela. E nele. Ela só sentia. Não existia definição. É difícil separar o certo do errado num momento tão difuso. Errado é definir dias difusos.<br /><br />Enquanto mais ela despistava os pensamentos e fazia de um esforço notável pra não ser egocêntrica, ela era. Então fugia das idéias que ameaçavam fazer dela mais feliz. Imbecilidades de meninas que se julgam mais sensíveis que as outras. O sentimentalismo lhe caía bem. A infelicidade lhe caía bem. Provava pra ela que tanto tempo não fora ilusão da sua mente idealizadora. Que seu interior podia ser sublime como ela pensara um dia. Como se fosse o tempo que demarcasse a grandeza da vida.<br /><br />Mas do fato ela não podia mentir. Era ele que a fazia sorrir. Há tempos o seu sentimento perfeito e altruísta não lhe fazia tão bem. A verdade é que ela só desejava ser altruísta, mas sentia prazer mesmo no egocentrismo da alma. E mesmo agora tentava inutilmente agir com desprendimento da sua vaidade perdida. Mas o prazer a tocava quando o egocentrismo a tomava pra si. Ela fugia da natureza de ser egoísta. Mas sempre fora assim.<br /><br />Agora ela sorria pra ele. A expressão provinha dele. E quando chorava era a emoção profunda que lhe causavam tantos versos dedicados. Músicas dedicadas a ela. E tudo mais que a tornava uma menina ruiva exclusivamente interessante. Delicadezas nunca experimentadas sem preocupação de estragar o que ela descrevia como perfeito e imutável. Uma fidelidade sem razão.<br /><br />Passara aquele desespero de quem se afoga num abismo sem volta. De quem perde seus dias contados por ampulhetas de areia. Aquela tensa bomba relógio que justificava as imperfeições que ela preferia não crer. A novidade era uma vida leve, simplória, mas repleta de significâncias e cores.<br /><br />Olhava-o com declarada admiração, atenta. Podia passar mil horas observando a forma encantadora e ao mesmo tempo hilária em que ele se comunicava com a vida. Comunicava-se até com a ausência de vida, com o inexistente ou invisível. Ou talvez algo que só ele pudesse ver. Um mundo que de tão dele nem precisava ser desvendado. Espaço criado para não ser compreendido, apenas pra fazer bem a todos. Pra arrancar alegres sorrisos de todos que sentiam sua presença. E isso era inexplicavelmente interessante. Inovador até. Místico.<br /><br />Agora ele convidava a menina cor de sangue a conhecer esse novo sabor de fruta fresca. Estar por segundos que fosse naquele universo de símbolos. Esse convite tentador ainda continha a imensa liberdade que emanava de seu intimo sincero. Ele era livre e não queria prende-la pra si. Assim que entrasse, ela poderia sair da mesma forma simples e natural. Isso ela sabia de seus olhos. E mesmo que não devesse, ela ainda acreditava no que os olhos insistem em dizer sem ditadas palavra. Falar num mundo atual já se tornara clichê demais para o que ela desejava.<br /><br />Frida sorria outra vez. E mais outra vez, e sempre. Sorriso sem mistério, intenção ou dor. Somente sorriso mesmo. Puro na sua mais simples definição. Uma luz que dava medo de tocar de tão forte e especial que era. Receio que ao tocá-lo, sua escuridão feminina apagasse a luz dele. Ela era escura em essência. Crescera acreditando que a resposta se dava através da complexidade. E resolveu que seria assim. Construiu-se complexa. Então hesitava nesse medo de abalar a fortaleza daquele ser de luz plena. Como vaga-lumes. Como as doces palavras que ele lhe dizia. Palavras raras, mas inesquecíveis, e que muitas vezes compunham as historias escritas por ela. O jeito inigualável que ele possuía de perguntar se tudo andava bem. Ele não a feria com perguntas necessárias como essa. Porque quando o mágico a olhava com ternura cobria suas feridas abertas com um balsamo de uma esperança inventada por ele. Esperança tão particular e utópica que ninguém conhecia, mas que ela acreditava. E se agarrava a ela como uma religião. Essa garota que não tinha religião. Sua crença estava ali. E parecia ser tão obvia. <br /><br />A minúscula personagem vermelha que lutara toda a vida para confiar no que é vivo, encontrou sua prova. Ele era a certeza de sua certeza mais infantil. Frida acreditava em humanos através dele. Como um exemplo. Como mãos coloridas e mágicas.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-30459883571010659052009-04-12T18:29:00.000-07:002009-04-12T19:03:18.833-07:00Conto de redençao<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDJtYE0WOnFL6f-eRqchMpSDoWLOJ-_WoTIo_SB7QljYe4aTrppjhLe1TprNWEN81DzJORkFD3ixbZCfnyjfscX2XVKtiVHK_s9nNubA6HL7N5_tJLFBkDahagWTKC73O3oER0K-dufPY/s1600-h/imagem.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 356px; height: 275px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDJtYE0WOnFL6f-eRqchMpSDoWLOJ-_WoTIo_SB7QljYe4aTrppjhLe1TprNWEN81DzJORkFD3ixbZCfnyjfscX2XVKtiVHK_s9nNubA6HL7N5_tJLFBkDahagWTKC73O3oER0K-dufPY/s400/imagem.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5323983419263252802" /></a><br />"...I'm wandering round and round, nowhere to go<br />While my eyes, go looking for flying saucers in the sky<br />But my eyes, go looking for flying saucers in the sky<br />Oh, Sunday, Monday, Autumn pass by me<br />I just happen to be here and it's ok<br />Green grass, blue eyes, gray sky,<br />God bless, silent, pain and happiness..."<br /><br /> Há algum tempo eu conheci um par de olhos azuis que insistiam em fixar o chão de tão tímidos que eram. Conheci-os meio que ao acaso, num lugar que eu não iria, uma ocasião não planejada, uma época que andava perdida de mim. Eram olhos celestes e amigos. Demorei certo tempo pra me aproximar deles, pois eram demasiadamente desconfiados. Realmente era difícil pra eu entender a distancia que eles se esforçavam em manter, eu que era tão dada a confianças repentinas. Mais tarde eles me ensinariam que a desconfiança imediata é necessária. Eu os encontrei pra ajudar a me encontrar. Isso eu percebi bem depois também. Depois que estas duas pedrinhas de anil se fizeram essenciais ao meu modo antigo de viver a solidão.<br /> A dona destes olhos fez de um ano da minha pouca experiência, uma vida toda de sorrisos. Era pra casa dela que eu fugia toda vez que eu sentia uma ameaça de peso em minhas costas. Sempre fui meio ruim em carregar pesadas cargas. Ela ajudava a carregar. E tudo acontecia naquele lugar intenso pra mim. Melhores e piores foram os momentos que lá eu passei. Mas os piores momentos só por acontecerem lá, eu os sentia menos dolorosos do que meu normal de dualismo adolescente. Boas lembranças esta casa me traz. Festas amigas, risadas, madrugadas em claro e abraços em meus dias de choro. Lembro-me ate de me dar ao luxo de olhar as estrelas deitada na grama fofa, nadar e dançar sorrindo as músicas que não gostava. Eu podia chorar deitada no chão do quarto sem precisar me explicar, podia fingir que estava dormindo, sentir sono e gritar se me desse vontade. Pretendia até brincar de casamento na casa dela, inventar personagens, tirar fotos e rodar ate cair. Estar ao lado dela naquele lugar azul era assim.<br /> A grama do quintal parecia fazer da vida mais leve, um lugar apropriado pra sorrir. Engraçado que não que eu esquecesse os problemas quando lá eu estava, mas tudo parecia menor quando eu olhava pra piscina cor da íris dela. Também não era porque eu ouvia que meus conflitos eram insignificantes. Isso nunca funcionou muito bem comigo e eu não ouvia frases assim desta menina. E ela também não entendia minhas dores com facilidade, mas elas importavam a ela como a mim própria. O motivo de tanta alegria eu não entendia bem. Como se a obrigação por estar ali, era simplesmente ser feliz. E mesmo que tudo parecesse um caos sem remédio, naquela casa eu não tinha vergonha de me divertir. Bem mágico para uma menina ruiva e reticente como eu. Uma casa que dizia não a minha solidão acostumada e zombava das minhas tristezas de jovem comum. Não havia como ficar sozinha, nem ser hipocritamente silenciosa ou alimentar melancolias como era do meu gênio fazer. Uma liberdade interessante em se permitir. Uma liberdade que me aprisionava todos os dias de folga em que eu me nutria bem de bacalhoada e felicidade.<br /> Esta minha grande menina que corava as bochechas de tons de rosa facilmente, me deu milhões de provas de amor em troca de milhões dos meus abraços espontâneos. Era minha moeda de troca pra tudo que ela insistia em me fazer aceitar. Ela me dizia que não era boa em palavras e chorava quando lia as minhas histórias inacabadas. Boba. As palavras dela que me fazem escrever este conto agora. Ela que parecia tão simples, mas tinha uma imensidão de mar azul nos olhos expressivos que me inundavam em profundidade. Azul que contrastava com o sol dos seus cabelos assim como seu tamanho contrastava com sua pouca idade. Ela nunca entendeu o poder que tinha seus olhos. Era ela assim. Imensa no que se dizia comum. Acho que nem percebia isso. Talvez este seja o motivo pra este texto, que depois de tanto tempo eu possa fazê-la ver. Minha amiga que se achava covarde, mas não percebia o quanto de coragem ainda sobra nos seus gestos comedidos de timidez. Ela que desde sempre aprendera que canalizar decepção em raiva é uma boa forma de se proteger de tudo e possuía coragem suficiente para exteriorizar suas emoções. E me exigia reações. Eu devia ter dito a ela que eu não era tão corajosa assim. Devia ter dito neste dia que eu faltei a aula de alto defesa. Como se ela já não soubesse de tanto que me defendia. Agora eu até entendo a indignação dessa menina que lutava por mim, com a garra e a raiva que coexistiam nela, enquanto via alguém tão próximo aceitar a tristeza como algo natural. Batalhando pra me ver sorrir, pra provocar reações, eu bem sei que ela sofria também.<br /> Certa vez, num dia que eu devia ter dito tanto e me calei, a menina me deu uma prova de amor que eu nunca esqueci. E eu a agradeci dizendo que ela havia apagado um ano da minha vida. Eu devo ter dito isso com muita força porque ela acreditou. Não sei como fiz isso. Bom, na hora sempre é difícil pra alguém como eu, perceber o que é bom pra mim mesmo. Eu sempre fui assim. E eu devia ter entendido a minha relutância em viver bem como o pior destino que um amigo queria pra o outro. Um verdadeiro amigo pelo menos. Um par de olhos azuis brilhantes. E foi este par que depois de me dar um ano de sorrisos e ser acusado de roubar um ano meu, que me olhou bem fundo pra procurar pela raiva que eu devo ter demonstrado. Naquela hora eu pensei que fosse bem claro pra ela que não havia raiva nenhuma, só dor. Medo de não conseguir. Como se em vez do bem que ela me fazia, só tivesse tirado o ultimo tripé em que eu me segurava. Minhas lembranças que nunca foram saudáveis. Meu jeito insano e doente de me comportar. Eu que nunca soube o que era melhor pra mim. E que ela sabia. Foi me olhando nos olhos que minha amiga me pediu desculpa. Pediu desculpa como se fosse ela que me fizesse mal e não a menina ruiva pra quem ela olhava fundo. Foi quando eu entendi que ela ainda esperava minha reação em fúria, eu que pensava que tivesse sido bem clara com relação a minha covardia em sentir. Porque não havia raiva e erroneamente ela imaginara que eu apenas a escondi. Acho que ela devia me pintar da coragem dela, não aceitava que eu não fosse corajosa o suficiente pra ter raiva. Ela me pedindo desculpa por invadir uma privacidade que não existia pra ela. Como exigir privacidade se você é fraco o suficiente pra se esconder sempre atrás da luta de alguém que te ama? Eu sempre a amei também. Desde quando a possuí em amizade. Eram palavras assim que eu devia ter dito a ela naquele dia. Pra que ela pudesse entender o quão bem ela me fazia e a quão necessária era ela. Entender que meu tripé não eram algumas frases ridículas que transbordavam um veneno letal pra minha felicidade constantemente ameaçada por mim. Ela era o tripé. Juntamente com todos que ela sempre mantinha perto de mim. E eu nunca me perdoaria se um dia eu soubesse que em troca da sua prova de amor eu a tivesse feito chorar de culpa pelas minhas acusações sem fundamento. Um conto de redenção.<br /> Se algum dia, minha grande amiga ler este texto numa biografia desinteressante sobre uma ruiva pequena e comum, espero que possa entender. Queria que ela ouvisse tudo aquilo que eu devia ter dito e não disse por falta de um pedacinho da coragem dela. Queria que ela pudesse sentir o quanto foi importante pra que eu me tornasse o que sou hoje e tantos foram os momentos que me lembro dela com ternura e saudade. Como eu desejo agora estar em seu colo e dizer mil vezes que não há raiva, só amor. Como eu sinto saudade. E que ela acreditasse nisso e esquecesse minhas falsas acusações inconseqüentes. Como eu desejei e ainda espero sentir o amor dela sempre lutando por alguém que não se ama o suficiente pra isso. Um fraco que depende da fortaleza que são os olhos de um amigo. Meu desejo de que ela perceba que eu ainda a amo e que alguns dias devem ser mais do que fazemos dele. E que um domingo de outono perdido com choro de medo da segunda feira de sol é marca pra uma vida inteira.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-47018825300546335802009-04-08T17:59:00.000-07:002009-04-09T07:01:42.302-07:00Pesadelos de outono.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgczo6rC6egrNf_c9cbTdOZsQYQPP_gucb3GW_4ZyRZfkNxFaGegST-WYn6fOHoi56Wmn4Yr3vBnDQZ9-v9ZmeW_BdVBZ0ue9g3ygVfqLTDwB0-JHduhUaZzPVzw0UJOUYAya1zwO46p_E/s1600-h/filtro+de+sonho.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 351px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgczo6rC6egrNf_c9cbTdOZsQYQPP_gucb3GW_4ZyRZfkNxFaGegST-WYn6fOHoi56Wmn4Yr3vBnDQZ9-v9ZmeW_BdVBZ0ue9g3ygVfqLTDwB0-JHduhUaZzPVzw0UJOUYAya1zwO46p_E/s400/filtro+de+sonho.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322499300053037346" /></a><br /><br />"...Eu queria ver no escuro do mundo<br />Onde está tudo que voce quer<br />Pra me transformar no que te agrada<br />Eu tive um sonho ruim e acordei chorando<br />Por isso eu te liguei<br />Será que você ainda pensa em mim<br />As vezes te odeio por quase um segundo<br />Depois te amo mais...'<br /><br /> Foi quando aconteceu. Pesadelo. O pior dos fantasmas, segurando-a numa mentira baseada em suas verdades destrutivas. Ela o vio. Frágil como ela sabia que ele era. Mas havia uma diferença na forma como as pessoas o viam agora. No sonho, ele não se fazia de forte. Numa cama branca de um lugar horrivelmente pálido. Branco como tudo num lugar em que se tenta preservar a vida. Desacordado se revelava do jeito que ela sempre o soube. E ela era necessária de alguma forma. Parecia que sua vida se resumia toda naquele momento, aquela necessidade. Sua vida se resumia no instante em que ela pudesse ser dele de algum jeito. Como ela sempre soube também. Aquela mulher que por muito tempo deixou de ter vida própria e por pouco tempo achou que tinha sua vida de volta. Mas seus dias nunca deixaram de ser dele. Este poder humilhante que ele não deixara de ter um só segundo. E na mente sonâmbula dela, isso se tornava devastadoramente claro. Ela que afastava essa verdade num desespero de encontrar um sentido novo pra viver. Frida não era suficientemente forte pra viver, errar e temer por ela mesma. A vida, o erro e o medo giravam em torno daquele ser displicente.<br /> Ali, estática frente ao grosso vidro do hospital frio, ela sentia a ameaça de não o ver. Acostumava-se a não o sentir mais, a sua falta de sorrisos e palavras. Mas a cena que presenciava nesse escuro terrível da mente era demasiadamente dolorosa pra que ela suportasse pensar. Como podia ser a vida sem o ver? Por mais que ela não o tivesse junto a si, por mais que não se falassem e o certo fosse a indiferença. Nada mais importava agora que ela o via ali, tão fraco, tão presente de seus erros. Não importava que ele fosse a pessoa mais errada que ela conheceu, pessoa que ela devia claramente apagar de sua vida. Seu erro. Ela sabia que ele não merecia ser lembrado. E que estava sozinho, porque não era de ninguém de tão errado que costumava ser. E ele nem se sentia infeliz por isso, porque era insensível, realista, frio, fora feito pra destruir as ilusões daquela idiota que o olhava. Ela conhecia seus defeitos de cor, mas sempre esperava dele algo melhor do que ele conseguia ser. <br /> Sentindo aquele vidro indiferente que os separava, nada disso era importante. Frida nem queria o melhorar como antes. Ela só o queria vivo pra ser seu motivo de levantar. Ela aceitava ser a imbecil de novo, mandava seu orgulho embora sem hesitação. Se este fosse o preço para mante-lo a salvo, ela faria. Não era importante que ele não a quisesse de novo, que não agradecesse que a odiasse mesmo assim. Nada era importante além de sentir sua respiração confusa. Sentir sua inconstância até em respirar. Mesmo que todos os seus amigos e amantes a mutilassem com perguntas depois. Ela sabia que o fariam, a inundariam em censuras, perguntas que ela não saberia responder. Como você é imbecil o bastante para amar tanto alguém tão torto? Porque amar alguém assim? Porque fazer dele algo tão essencial? Você acha mesmo que é saudável? Já pensou que talvez possa precisar de alguma ajuda? Quem sabe uma terapia? Não consegue ver que ele te destrói?<br /> Ela via. Enxergava sua própria destruição, mas a aceitava se isto evitasse a destruição dele. Ela nunca fora importante. Sua vida nem era dela e nem conseguia ser. Não havia vida de um sem o outro. Ou melhor, não havia vida daquela viciada sem sua droga. Ele era seu remédio pra continuar mesmo que pra isso ela vivesse dopada. Mas vivia. Sem remédio, sem vida. Acidente atemporal que insinuava tirar dela a última gota de um vício sem cura. Acidente ridículo, rápido e preciso. A insinuação doía tanto que não era possível pensar. Insinuação de uma dor futura que já era presente atrás daquele vidro sem cor. Ele era forte. E ela cuidaria dele o tempo necessário. Estaria ali o tempo todo. Frida sorria. Acreditava na respiração complexa daquele peito convexo.<br /> Então os olhos. Duas íris que se abrem em cor de um escuro normal. Eles que perguntavam muito e sempre diziam tanto aos dela. Olhos que revelavam o que ela nem quisera saber. Pupilas que se dilatavam nas inúmeras discussões, que se contradiziam com a doçura dos lábios dele. Olhos que nem pareciam frios ao acordar. Eram olhos quentes agora que podiam a ver ali se segurando no vidro espesso. Own... podiam vê-la. Num movimento brusco como aquele tremor novo que se apossava dela, Frida se abaixou. Abaixada como uma menina assustada, pega em flagrante por um vaso quebrado, em meios aos cacos da sala. Cacos seus espalhados com ela no chão do hospital. As borboletas agitadas em seu estomago oco. Olhos baixos como se envergonhasse da própria culpa. O orgulho retomado em fração de segundo. Com uma raiva infantil, ela se levanta longe do plano de visão daquele homem que ela odiava de tanto amar. A indignação lhe pesando nos ombros. Olhos baixos, ombros curvados de revolta interior. Altruísmo bobo. Ela nem o amava mais. Só um susto. Estava ali pra ter a certeza de que ele estava bem. Nem contaria a ninguém aquela visita infeliz. Dia inapropriado. Ele devia estar bem, pelo menos acordado. Consciente. Os dois. Ele da ultima inconseqüência que o colocara numa cama branca, e ela da sua preocupação sem propósito. Já tinha superado dores de cabeça. Podia embora agora. Nem entendia bem o porquê estava ali. Bobagens provenientes de sua impulsividade vermelha.<br /> Do sonho, Frida nunca conseguia fugir. É quando sonhava que sua inconsciência doente esfregava-lhe suas deprimentes dificuldades. Tanto esforço do dia para ocultar medos. À noite eles vinham gritar com ela. Os fantasmas cruéis que não tinham pena. Era só isso que restava de si mesma. Não adiantava enganar o sono que os olhos sempre se fechavam no escuro. Não adiantava o próprio sono que não enganava seu cansaço ao acordar. Acordar era sempre um tormento e ter de dormir era um tormento maior. <br /> Silencio negro. A cortina escondendo a noite. Quarto vazio. Suor e choro salgados. Tomada de consciência. Mais um pesadelo na noite de outono. Acordar é um alívio apesar da dor da verdade. Só mais um de tantos sonhos ruins. Pronto, passou.<br /><br />Frida<br /><br />( Sugestao da Jú )Taináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-27715948695610510622009-04-04T09:18:00.000-07:002009-04-04T13:53:34.967-07:00Nova trilha sonora<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-TGUuaNqUbxNBJy62mRWySE5NE9obwgmiGWx47NuYkJbo9Rsg3BcZw2Pa0LIjPVi2XWLDAD9YLPobNQlGK2U_2-4zRrq58rvGAO6-zmGqedQ_I4lBk0BEho4LxmcVGwM5SbEmkuobUNs/s1600-h/Sonho+de+%C3%8Dcaro.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 348px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-TGUuaNqUbxNBJy62mRWySE5NE9obwgmiGWx47NuYkJbo9Rsg3BcZw2Pa0LIjPVi2XWLDAD9YLPobNQlGK2U_2-4zRrq58rvGAO6-zmGqedQ_I4lBk0BEho4LxmcVGwM5SbEmkuobUNs/s400/Sonho+de+%C3%8Dcaro.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5320872230441651730" /></a><br />"...Mais uma dose é claro que eu to a fim<br />A noite nunca tem fim<br />Por que que a gente é assim?<br />Faço promessas malucas<br />Tão curtas quanto um sonho bom<br />Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou<br />Vivo num 'clip' sem nexo<br />Faz parte do meu show, meu amor...'<br /><br /> Ela preferia se perder. Acordar sem lembranças do que foi, de quem era. Se pudesse até falsificava documentos, mudava de nome, de país. Amava sentir-se assim logo pela manha. A inconseqüência sempre fora uma porta fascinante. Quando a indagavam sobre o porque dos seus atos, ela nunca soube responder. Nao era boa em explicar-se. Talvez porque não existisse explicação ou esta não faria sentido algum. Nem a ela. Ou talvez porque nem se lembrasse do que se tratava. Então fingia que não podia ouvir perguntas ou fazia escândalos, falava alto pra se salvar. Escândalos sempre é a melhor opção. <br /> Interessante não fazer idéia do rumo que sua vida caminha. Não pensar. E pra quem pensa que mais tarde vinha a consciência assustá-la, não é verdade. Ela não se importava mesmo. Gostava de agir. Momentos que ela sentia-se melhor, que gostava de ser. Quando se esquecia do mundo, quando era egoísta, ela era feliz. Penso que porque esta era sua essência natural e o grande tempo que se esquecia dela, a fazia chorar. Estranho imaginá-la lutando pra fugir do que lhe era natural. Gritando pra si mesma que ela não era uma irresponsável. Sofrendo e idealizando a vida em vez de vivê-la.<br /> O conflito girava em torno do seu controle. Porque às vezes a menina queria ser levada a sério, às vezes não. Isto a perturbava muito já que ninguém era capaz de entender o que ela desejava em cada assunto específico. Não eram capazes de ler esta mente desgastada. E ela não podia culpar as pessoas porque nem ela sabia o que querer. Enganava-se, mudava de planos. Tinha a péssima mania de teorizar tudo como simples demais. E depois via que nada é tão simples assim. <br /> Então decidiu nunca mais pensar em nada. Decidiu que a vida seria divertida assim. Porque ela não queria mais correr o risco de se importar de novo. Não podia mais mentir o que era. Não tinha nascido pra ser heroína embora fizesse de um tudo pra ser. Não adianta lutar contra uma natureza. Ela toda era plebéia. E seu filme não era de mártires. Era um filme confuso de pensamentos conturbados, personalidades e opiniões variadas que se contradiziam. O filme que não fazia sentido e mudava constantemente conforme a trilha sonora que ela decidia gostar. Um filme que não possuía roteiro e ia se materializando de uma forma meio indefinida e subjetiva.<br /> Mas pensar ela não ia mais. Quem sabe não refletindo demais, seus riscos acabariam se diminuindo com o tempo? Claro, o ser humano tem instintos. Ela se deixaria guiar pelos seus. Ela devia os ter também. E era mentira que ela era fraca, melancólica e sensível ao extremo. Podia até ser, mas agora não queria ser mais. Agora já não se sentia assim. Não seria racional, não seria a mocinha da sua curta metragem. Seria o personagem que ela quisesse ser na hora que bem desejasse. A direçao do seu filme era dela. E ainda estava no início da história. <br /> Liberdade era a palavra. Agora era multidão, a música, a dança e algo ilegal pra desentoar de si mesma. Nessa nova fase do seu cinema o que importava era divertir-se, desbanalizar-se. É, ela não apreciava banalidades, mas possuía tempos que era bem banal. Agora não. Entao era o momento dela. Tudo era da menina. Ela mesma, o mundo, sua vida e futuro. E somente ela importava agora.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-43070603576934064712009-04-01T09:28:00.000-07:002009-04-04T12:29:03.908-07:00Mimese<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYA1kZAKpTpOL2DcgKow2xWOh_Mn2gikAWB6km29KlMima9_bP8Y_lOSRDZt3PBeH17M4OXzDRrUGW9esmVTEodc1g66zSnx6Jb0OMUSFgs7G5f_QNzCMLzDyjwFPnxdXh1K7fxOc0Jng/s1600-h/perdido+no+tempo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 282px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYA1kZAKpTpOL2DcgKow2xWOh_Mn2gikAWB6km29KlMima9_bP8Y_lOSRDZt3PBeH17M4OXzDRrUGW9esmVTEodc1g66zSnx6Jb0OMUSFgs7G5f_QNzCMLzDyjwFPnxdXh1K7fxOc0Jng/s400/perdido+no+tempo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5319764969358155026" /></a><br />"...Penso, logo existo..."<br /><br />É força do tempo<br />Nos moinhos de vento<br />Enaltece o firmamento<br />Dom Quixote sorri. <br /><br />É à noite em meu quarto<br />Quando eu durmo de fato<br />Eu os vejo num lapso<br />Seres de neon.<br /><br />É na mente que consiste<br />A razao é que insiste<br />Se pensar é o que existe<br />Eu existo entao?<br /><br />É vida que trilha<br />Nenhum homem é uma ilha<br />Lobos em matilha<br />Passageiros em meu trem.<br /><br />É a feroz natureza <br />Onde eu tenho a certeza<br />Leões é realeza<br />Nesse mundo-prisão<br /><br />E um poeta distante<br />Num discurso brilhante<br />Diz que é ser ou não ser,<br />Eu prefiro o não!<br /><br /> <br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-55104398663797789532009-03-31T17:07:00.000-07:002009-04-04T12:34:17.398-07:00Amor?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq2792_pxpBL_jZdTGoqSNKuLIhHscfs6SkgUBJ6kUa77_7ZqEJZ6HaBeHr_WFE8wK5e9OKF1IMFQ6lTmwKOeVpZa6ApTTScHTBB-nuSeshKlTJVZEiGF9DFtrazkV06LIUClttbWmWHw/s1600-h/balan%C3%A7o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 302px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq2792_pxpBL_jZdTGoqSNKuLIhHscfs6SkgUBJ6kUa77_7ZqEJZ6HaBeHr_WFE8wK5e9OKF1IMFQ6lTmwKOeVpZa6ApTTScHTBB-nuSeshKlTJVZEiGF9DFtrazkV06LIUClttbWmWHw/s400/balan%C3%A7o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5319524394166150002" /></a><br />"...Com a mesma falta de vergonha na cara<br />Eu procurava alento no seu último vestígio<br />O território, da sua presença<br />Que eu não posso deixar que me abandone<br />E é voce do outro lado devolvendo minha insônia<br />São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro<br />No presente que tritura..."<br /><br />Minha calma aparente;<br />Mascara um medo recente;<br />Foi-se embora meu calor.<br />Se o mundo parece incompleto;<br />Agora que tudo está tão certo;<br />Meus olhos revelam temor.<br />E a minha felicidade?<br />Contento-me com a saudade;<br />Seja do errado que for.<br />Uma lembrança eu queria;<br />Da imensidão que eu fora um dia;<br />Uma chance de repor.<br />Atos viram violência;<br />Meu alento pra ausência.<br />Vejo doce sem sabor.<br />Vergonha de um sentimento;<br />Que me ultraja por dentro;<br />Entrega-me em rubor.<br />Minha vida então carmim;<br />Fez-se branca neve no fim;<br />Um alguém que furta cor.<br />Diz que o tempo cura a mágoa;<br />E traz de volta minha água;<br />Com ela renascer em flor.<br />Mil segundos de ternura;<br />Resta hoje uma amargura;<br />Tantos meses de torpor.<br />O que eu faço com as canções;<br />Se ao invés de emoções;<br />Eu só sinto minha dor?<br />A vontade que me falta;<br />De seguir sem tantas voltas;<br />E me trai com tal revolta;<br />Amor!<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-5888533108620114232009-03-22T18:32:00.000-07:002009-04-04T12:48:19.710-07:00Letargia.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOEAy_BwL8s3uaSac5S7g-Wy5Q_5jTsNzMU77m_BfsFI46733s4HzQwJvkItJ_VMnTeklUx76PmFf3vaDaizDn8AMWKK0Q_INzO8hDcM3Lqz6nN7CyBBnZdPCU01nCs_WvS8v5VIjah58/s1600-h/livros.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOEAy_BwL8s3uaSac5S7g-Wy5Q_5jTsNzMU77m_BfsFI46733s4HzQwJvkItJ_VMnTeklUx76PmFf3vaDaizDn8AMWKK0Q_INzO8hDcM3Lqz6nN7CyBBnZdPCU01nCs_WvS8v5VIjah58/s400/livros.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5316205135166710354" /></a><br />"...Lá mesmo esqueci que o destino<br />Sempre me quis só<br />No deserto sem saudade, sem remorso só<br />Sem amarras, barco embriagado ao mar<br />Não sei o que em mim<br />Só quer me lembrar<br />No dia em que fui mais feliz<br />Eu vi um aviao...'<br /><br />Vício.<br />Hábito.<br />Doença.<br />Compulsao.<br />Devolvendo a minha insônia, minha apatia acomodada.<br />Dissolvendo o doce dos meus olhos em mar.<br />Gotinhas de mar sem som.<br />Sabor amargo do mar.<br />Sentimento de perda de um mar interior.<br />Solidão no meio do tudo.<br />Sensação incoerente de nada.<br />Saudade insuportável do que não foi.<br />Lembranças do que eu não vivi.<br />Como se fosse possível escolher um caminho.<br />Como se eu tivesse um caminho pra escolher.<br />E o imaginário me faz sorrir.<br />Tudo o que não existe me faz bem.<br />Talvez porque acreditando cegamente no que inexiste não há o risco ao erro.<br />Não há o risco de desabamento de convicções.<br />Simplesmente porque não é. Não existe.<br />Não me envolver com o que é real, apaga minhas possibilidades de sofrer com ele.<br />Minha imaginação não me abandona.<br />Não me faz sofrer.<br />Protege-me de duras verdades.<br />Oferece-me o direito a idealização.<br />Imaginar meus sonhos.<br />E materializar estes em meus delírios solitários.<br />Eu desejo a solidão.<br />Para poder delirar sem medo.<br />Não medo do ridículo, mas medo de que me convençam da ausência da minha sanidade.<br />Horrível pensar que vão me tirar isso também.<br />Arrancar-me o prazer dos meus devaneios.<br />Não confunda isto com demência.<br />É minha fuga pra o que não passa.<br />Minha forma de não ver.<br />É simples até. O plano. Só me envolver neles.<br />Meus protetores. Livros.<br />Manter a realidade sem me tocar.<br />Vou sorrir agora.<br />Meu mundo me chama.<br />Meu mundo que não existe nem é real.<br />Por isso fecho-me.<br />Gosto de mundos inventados.<br />Estou levantando de novo as paredes do mundo que foi soprado. Caiu.<br />Tentando descobrir como construir paredes mais fortes.<br />Muralhas quem sabe. Estou sendo pretensiosa novamente.<br />Como se eu já não soubesse que sou eu quem abre as portas do meu castelo seguro.<br />Quando consigo manter meu castelo rígido, eu me deixo enganar.<br />Ouço a voz de quem bate na minha porta. E abro com uma inocência infantil.<br />Cavalo de tróia.<br />É a realidade vindo me buscar.<br />Vindo derrubar toda a estrutura de pedra fria.<br />Vindo iluminar meu lar escuro, frio e seguro. <br />O sol forte e perigoso me cegando de dor.<br />Sempre amei a noite. De dia eu fecho as cortinas.<br />Talvez o mais seguro seja levantar um castelo sem portas.<br />Ou trancá-las. Uma a uma.<br />Não importa-me a grama verde lá fora. <br />Não quaro saber da vida, a natureza que seduz sem piedade alguma.<br />Estou trancada agora.<br />Eu, comigo.<br />Sozinha.<br />Não tentem abrir.<br />As chaves já não estão comigo.<br />Não me lembro onde eu as escondi.<br />Nem me esforço pra lembrar.<br />Estou segura em mim mesma.<br />Com meu imaginário, meu delírio.<br />Só o inventado distrai-me e só ele eu deixo estar comigo aqui dentro.<br />Não se preocupem, pois dele não provem o perigo.<br />A insanidade combina com meu castelo construído.<br />Decora minhas paredes vazias. Meus passivos personagens preenchem os aposentos vazios.<br />Deixem-me aqui dentro.<br />Ajudem-me a afastar a realidade de mim.<br />Não quero ver o sol. Tremo só de pensar em tudo que é exterior.<br />A dor me ameaçando. Colada na porta.<br />Aguardando-me. Fria, objetiva, real.<br />Espasmos de desespero me invadem só de lembrar dela.<br />Vai embora. Eu não vou abrir.<br />Estou escondida. Nada vai me encontrar em lugar nenhum.<br />Sou invisível. Deixe-me dormir de novo. <br />Sem a maldição de acordar me lembrando. Sem a maldição da lembrança que me tira o ar.<br />Traga-me a tranqüilidade da fantasia. Minha paz. <br />Já chega. Não consigo suportar sozinha.<br />Nao me tomem meus livros. Onde estao minhas histórias?<br />Eu posso sentir voces. Quero sua presença.<br />Que cabeça a minha. Ninguém os escondeu.<br />Estao no baú.<br />Paz.<br />Minha ameaça nao compete com eles. Foi embora.<br />Toda hora. Hora de ler.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-9588539538738470662009-03-09T19:26:00.000-07:002009-04-04T12:45:01.249-07:00Reconstruçao (Carta)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiybXYzKFuB7hWbTgRBd38GCed3b3DRgBQkYCmEcDAoC4BA7_QMrncTLBQX2NaZJLhno37Hq1RyGtwV_o0EbIPPWnWrZhmU6dL4WDuEFV7XvDxrw2CLhVaxNsUdo2wn9Ge8OlGsFzxf4-M/s1600-h/pimenta.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 351px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiybXYzKFuB7hWbTgRBd38GCed3b3DRgBQkYCmEcDAoC4BA7_QMrncTLBQX2NaZJLhno37Hq1RyGtwV_o0EbIPPWnWrZhmU6dL4WDuEFV7XvDxrw2CLhVaxNsUdo2wn9Ge8OlGsFzxf4-M/s400/pimenta.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311381980002518930" /></a><br />"...Nada ficou no lugar<br />Eu vou escrever no seu muro<br />E violentar o seu rosto<br />Eu quero roubar no seu jogo<br />Eu ja arranhei os seus discos<br />Eu vou publicar seus segredos<br />Eu quero entregar suas mentiras<br />Eu vou derramar nos seus planos<br />O resto da minha alegria..."<br /><br /> Vontade de dormir pra sempre. Perder-me sem pensar. Algum tipo de fuga. Como se eu quisesse preencher meus dias de rotina para não notar as transparências da minha vida. Para não me encontrar com suas mentiras. Esta indiferença que você levanta como essência e que faz mal a todos que o cercam. É que eu não conheço o medo de me expor.<br /> Nessa hora que percebo que a felicidade deve realmente ser aproveitada até o ultimo gole. Quero ser bêbada de felicidade plena novamente, talvez por isso tenha tanta vontade de ser bêbada. Momentos de satisfação completa são raros. Então me dou conta que tudo se transforma tão rapidamente e fico tonta. Planos que são apenas brincadeiras minhas. Talvez planejar certo tempo com alguém faça o mesmo estrago que negar seu nome pra si mesmo. Odeio planos. Odeio fazer planos, odeio meus planos e sempre os faço.<br />Difícil é me lembrar de tudo que acreditei. Como se acreditar não valesse a pena nunca. É que eu já vivi tantas provas disso. Tentar desesperadamente não endurecer com a vida é uma tarefa realmente difícil. Mas eu consigo com uma pequena ajuda dos meus amigos. À medida que passa o tempo vou limpando toda a sujeira que ficou. Talvez até errando para deixar tudo claro outra vez. Se é que em algum dia houve clareza meio as suas falsas verdades. Vou errando para te fazer melhor. Fazendo-me pior para que você possa ser melhor. Novamente. Eu falhei antes porque não entendi que não se melhora ninguém encobrindo seus defeitos ou justificando seus erros. As falhas precisam ser mostradas para que possamos senti-las como carne viva. A verdade cura. E outra verdade é que eu sempre te julgo melhor do que realmente você é. Isso me faz sofrer menos. Já não tenho nó na garganta e parece que o tempo me secou.<br /> Não demora muito que essa minha indignação se dissolva em tudo de bom que acredito que tenho aqui dentro. Esta minha raiva que me tira a voz. O incrível é que por mais que esses últimos tempos de escuridão tenham me cegado e me deixado uma descrença imensa no meu peito, as fantasias ninguém conseguiu me tirar. Elas ainda estão lá, firmes, nas músicas sobre minha vida. Posso senti-las agora. São nos dias de noites profundas é que percebemos os vaga-lumes que norteiam nossas vidas, aquele alicerce que sustenta nosso edifício, os que sonham por nós quando nossos sonhos acabam. Estes que são produtores de sonhos agora que faltam os meus. É quando eu sinto uma forte certeza que o amor existe sim. Pois eu os amo e eles me amam. Eu posso sentir também. Isso faz bem. Não é um amor dito por palavras estranhas. Nem precisa ser dito de tão intenso que é. Não é uma doença minha. É o amor que faz bem e não apaga nossa luz própria. Desconheço esse sentimento que se finge de amor e nos reduz a nada, nos faz sem brilho, sem cor e sem encanto algum. Agora já começo a reencontrar meu encanto. E minha raiva se transforma cada dia mais em pena daqueles que não conseguem amar outro alguém além dele mesmo. É triste a incapacidade de sentir outra pessoa e se fazer bem através dela. Patética a incapacidade de doar felicidade e recebê-la de volta em cada descoberta nova e sorriso compartilhado.<br /> Mas ainda não é o fim. Eu necessito da verdade para dormir bem. Preciso me envolver nela. Ver de olhos novos que sou suficientemente grande para deixar marcas. Eu vou deixar marcas. Talvez seja algum tipo de vingança. Prefiro fantasiar que é um direito, ou justiça como preferir. Sim, porque minha vida é uma fantasia como ja foi dito antes. É esse o meu motivo pra quem perguntar depois sobre minha história. Eu não sou assim. Só estou doente e tento minha cura. Vomito diariamente o que eu não posso apagar. Aprecio os rascunhos, mas a hora é de passar a limpo.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-33307023418688191972009-02-18T16:46:00.000-08:002009-04-04T12:27:36.002-07:00Caixinha mágica<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIt9CNNvjghKWRl0FH9W19dQjHjy6Zpo9nXBIPsJ2CKh3ebOEFnCJ67Yfvud20EqUdDxs0L8OlDhizE8SvMfQWDVjGOfCVtY_vod0dtCg-n88i0Lk7ftLTIbLlB7zDQaaLKUXqGPZfDHI/s1600-h/ruiva.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIt9CNNvjghKWRl0FH9W19dQjHjy6Zpo9nXBIPsJ2CKh3ebOEFnCJ67Yfvud20EqUdDxs0L8OlDhizE8SvMfQWDVjGOfCVtY_vod0dtCg-n88i0Lk7ftLTIbLlB7zDQaaLKUXqGPZfDHI/s400/ruiva.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5304304314668128626" /></a><br />"...Eu me lembro bem das suas ilusoes de menina<br />Me lembro tao bem das certezas dos personagens<br />Fantasias coloridas que voce me escrevia<br />Nos papéis pra eu ler<br />Nos papéis de escrever<br />Descrever voce..."<br /><br />Eu me lembro das minhas ilusões de menina, quando me via presa somente a quem me amava incondicionalmente. Tempos que eu me julgava incapaz de amar por mim mesma. Livre.<br /><br />Lembro-me bem das minhas antigas certezas, dos meus personagens e fantasias coloridas. Quando os obstáculos eram múltiplas negativas dos meus pais em vez do TALVEZ que a vida me oferece tentadoramente. Tempo que eu podia culpá-los por minhas dores.<br /><br />Recordo-me dos dias em que eu definia o certo e o errado sem dúvidas.<br /><br />Época que andar descalço era suficiente, que eu rolava na grama e gostava de frutas, sítios e bichos de estimação. Ria e chorava mais, me preocupava menos. Sentia em tempo integral. <br /><br />Tenho lembranças constantes dos abraços naturais, de não me surpreender com espontâneos gestos de ternura. Lembranças dos simplórios gestos de carinho.<br /><br />Sinto uma saudade sufocante de acordar sorrindo somente por ter um amor ao meu lado. Saudade de sentir que acordar ao lado de um amor já era o bastante pra querer sempre acordar.<br /><br />Eu me lembro de quando eram delicados comigo sem exigir reciprocidade. Do tempo em que eu podia me dar ao luxo de ser indelicada. Época de compreensão. Quando eu perdoava e sabia curar mágoas profundas deixando microscópicas cicatrizes.<br /><br />Lembro-me do tempo em que não enxergava meus defeitos e contradições, ou melhor, de quando o mundo não moldava estes detalhes em minha expressão cansada. Tempo em que meus cansaços não duravam mais que três dias ou uma noite de sono tranqüilo.<br /><br />Lembranças de quando eu ainda reagia ao rumo da vida. Dias em que eu gritava, quebrava coisas, batia portas ou chorava compulsivamente pra passar a dor. Época que gritar aliviava e chorar resolvia minhas frustrações.<br /><br />Eu me lembro tanto de crer no ser humano, dias em que eu via as nações como irmãs. E acreditava no fim dos preconceitos sem curar meus próprios preconceitos imbecis. Quando eu sonhava com o fim das guerras e das religiões e de tudo mais que separa o homem. Que a minha juventude mudaria o concreto com a coragem e força da bela idade. É que eu não percebia que a minha nova geração usa da sua força para se sobressair em meio ao todo. E utiliza da sua coragem para se satisfazer com a solidão. E que os jovens trocam pessoas por máquinas. E que eu também faço isso.<br /><br />Lembro todas as manhas quando acordo da intensidade que eu prometi a mim mesma nunca me esquecer de quem eu fui. Nunca apagar minhas lembranças. Dessa intensidade em não aceitar a verdade como ela é e sempre me indignar com minhas crenças de criança. Nunca trair meus sonhos e conceitos. <br /><br />Só me esqueci de olhar pra dentro de mim e perceber que antes de fazer algo por fora, deveria transformar meu interior para ser digna de ser mais. Desculpe-me criança, eu falhei.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-49750987198310833152009-02-12T13:10:00.000-08:002009-04-04T12:25:14.169-07:00Imaginária nostalgia<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLnGISUKh-kwGlsbvaloRYffEo1HYhi67pljAIxKbyyXZI7kwi7sOuKD_ivlVbWiAVi9gkMOQ-lvAzC1PITq7XPiJJ37uXeC65uqNfEx-ADA0ijmocd8mIoLcFuQ6eJhHFWO09m_ZKVv0/s1600-h/antiguidade.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLnGISUKh-kwGlsbvaloRYffEo1HYhi67pljAIxKbyyXZI7kwi7sOuKD_ivlVbWiAVi9gkMOQ-lvAzC1PITq7XPiJJ37uXeC65uqNfEx-ADA0ijmocd8mIoLcFuQ6eJhHFWO09m_ZKVv0/s400/antiguidade.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302032592835381426" /></a><br />"...De tanto andar a teu lado<br />De tanto cruzar o sertão<br />Serás meu amigo.<br />Dói de tanto medir a distância<br />Saber que não vou te tocar<br />Além da lembrança..."<br /><br /><br />Eu sinto falta da tua intensidade que me contagia.<br />Sinto falta das nossas risadas e confissões.<br />Nossas confusões.<br />Sinto falta de quando acham graça das minhas palavras, quando me assusto.<br />E passar as melhores horas que eu me lembro junto de todos que não canso de dizer que amo.<br />Sinto falta do tempo que transforma a vida e tudo o mais que eu julgava imutável, eterno.<br />Falta de me sentir completa só por estar ao teu lado, sentir uma felicidade inexplicável por vê-los felizes também.<br />Ver que a cada dia superamos nossas múltiplas dificuldades juntos. <br />Falta dos teus conselhos inexperientes e sinceros como espero de vocês. <br />Tenho saudade do tempo que não volta daquilo que um dia foi e se rompeu.<br />E ainda acredito que um dia esqueceremos todos os erros e as magoas inúteis.<br />Falta dos imensos abraços, dos mesmos lugares.<br />Saudade das férias de julho, das longas conversas, da voz de cada um na época que ainda não podia ver.<br />Sinto falta de ter todos sempre por perto. E ainda os tenho.<br />É uma falta adiantada do dia que eu não puder ter mais. Do dia que só vai restar minhas lembranças, cartas, vídeos, fotos e memórias.<br />Medo de um dia tudo terminar e nós tivermos cumprido nossos papéis.<br />E eu precisar seguir sozinha. Sem o amor, a força que cada um possui dentro de si. E que dividem comigo quando meus olhos pedem.<br />Inesquecível é estar com você.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-45095060260225900272009-01-20T12:13:00.000-08:002009-04-04T13:28:37.004-07:00Inocência<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimUzLAAYu2AOPRief2FTdjdV-vRB87mGr_wxnIJ2kBaLOCOkxBamGDeZpcc9IQ0p72MmRsVata_tXloItPyuUJMaZjFm-r1e81uf382QjY9FZ1aJiB4KBMeQFqk2WRf4z0XG9TGL0hzvs/s1600-h/vermelho.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 273px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimUzLAAYu2AOPRief2FTdjdV-vRB87mGr_wxnIJ2kBaLOCOkxBamGDeZpcc9IQ0p72MmRsVata_tXloItPyuUJMaZjFm-r1e81uf382QjY9FZ1aJiB4KBMeQFqk2WRf4z0XG9TGL0hzvs/s400/vermelho.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5293472518723262290" /></a><br />"...Perdi-me muitas vezes pelo mar<br />Com o ouvido cheio de flores recém cortadas<br />Com a língua cheia de amor e de agonia<br />Muitas vezes me perdi pelo mar<br />Como me perco no coraçao de alguns meninos<br />E ignorante da água venho buscando uma morte de luz que me consuma...'<br /><br />Mais uma volta pela sala. Três horas da manha. O tempo parecia maior. Mais longos são os segundos ás três da manha. Caminha pela casa toda como numa metódica obrigação. Passos pesados, precisos. Súbito acréscimo de raiva por si mesma. Explicável. Raiva da sua insegurança de mulher comum. Sim, porque ela lutava pra não ser comum imbecil e sentimental como todas as outras. Mas ela também era. Com maior ou menor intensidade sempre são. Todas. Uma maldição aprisionada: natureza. Afronta ao que ela determina ser força as três da manha. A própria hora lhe remete a fraqueza.<br /> Em seu egocentrismo infantil ela se achava diferente. E a madrugada vinha lhe impor o padrão feminino que ela tanto evitava. E teu orgulho tão recentemente ferido insinuava regurgitar a indignação dentro do estomago vazio. Ânsias de vômitos. Vomitar a insegurança insuportável que se alojara em seu intimo. Havia perdido o controle a tanto tempo programado para ser sólido e inabalável. E caíra em clichê. Idiota. Agora era como tudo o que detestava: insegura, medrosa, convencional, mulher. Por mais que demonstrasse tranqüilidade pra se proteger do dia e que esforçasse indiferença nas palavras, não tinha mais remédio. Comprimido que aliviasse aquela sensação de humilhação e profunda dependência feminina. Dependência que ela jurava mil vezes nunca sentir e que criticava nas mulheres fracas. <br />Ela se julgava tão dura, tão livre de laços. Seu orgulho feminista não podia aceitar nunca depender de alguém pra sorrir, pra se sentir grande e única. Não podia suportar a real idéia de que simples gestos teriam a capacidade de mudar uma madrugada como aquela. Ela que era tão livre e dependente somente de si mesma. Este sempre fora o plano. Liberdade. E agora enxergava a ilusão que sempre alimentara de que somente a sociedade pode prender. Não era a sociedade que a prendia, no entanto. Estava presa por sentimentos que tentava aprender a controlar por vergonha. Sua regra era nunca deixar que alguém conquistasse o poder de prendê-la. Agora a nova regra era não deixar transparecer esse poder humilhante e perigoso. Mas por mais que o escondesse estava ali dentro dela torturando os pensamentos insanos que tanto desejava afastar de si. <br />A verdade. É só a madrugada vindo lhe mostrar a falha.<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-68848865762975144082009-01-12T05:23:00.000-08:002009-04-04T13:31:58.982-07:00Intimidade Revelada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVh1Apt76N2xYRbPQ100xccrr09CQAOLeCbCIwfZX0BTLJsp2xmaM03BbDLb1NSV8PxH-Ov-DOFF7jOxGZOLQbK7yK84bgQLbcSSij_o74_LjIhmi5VJYaTSbAXNqScAB3IgFhskHvhWU/s1600-h/o+beijo+escultura.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 241px; height: 359px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVh1Apt76N2xYRbPQ100xccrr09CQAOLeCbCIwfZX0BTLJsp2xmaM03BbDLb1NSV8PxH-Ov-DOFF7jOxGZOLQbK7yK84bgQLbcSSij_o74_LjIhmi5VJYaTSbAXNqScAB3IgFhskHvhWU/s400/o+beijo+escultura.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290405693971381090" /></a><br />"...Pra poesia que a gente não vive<br />Transformar o tédio em melodia...<br />Ser teu pão, ser tua comida<br />Todo amor que houver nessa vida<br />E algum veneno anti-monotonia...<br />E o corpo inteiro feito um furacão<br />Boca, nuca, mão e a tua mente, não..."<br /><br />Insinuo a expressão calculada<br />Em tuas mãos um cuidado macio<br />Respiração conjunta, agitada<br />Que provoca ensaiados arrepios<br />Em minha cintura por ti dedilhada<br /><br />Teu frio controle comedido se perde<br />Frente aos meus lábios mordidos de criança<br />Enquanto testo novas brincadeiras<br />Segundos de passageira vingança<br />Do teu sopro quente na minha orelha<br /><br />Medimos força sem nos tocar<br />Não!<br />Não é um instante de maldade<br />Meu olhar intenso<br />Tua aparente seriedade<br />Tentam incansáveis suportar mais tempo<br />Emoção inexperiente<br />Revelada intimidade<br /><br />E finalmente o momento esperado<br />Metamorfose do meu corpo ao teu corpo colado<br />Somos um em um só interior<br />Minha língua se encontra com a tua<br />Te exponho meu segredo inundado em amor<br /><br />Difícil é pra mim me expressar sem pincel<br />Te lembrar meu desejo: consumir sentimento<br />Pois de olhos fechados, tu me mostras o céu<br />E ainda agora indagas meu pensamento<br />Aqui está minha resposta em papel!<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6685355618168680606.post-92074843347748942812008-12-15T09:24:00.000-08:002009-04-04T13:41:37.392-07:00Trechos de Frida<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhO5ScFs4BtzA1Q7XYzdVNNI5HPA8eCIGbz9DAx8JzSWaDXZKFAvuDAlRo5uQByx_GvLrlsvaRk1GshT-PejAmJmeG8aikD72i2ynCCHOV8GDMkUb3c39qj8XMeHNdV5xPURwL3WLoudw/s1600-h/mulher+ao+sol.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhO5ScFs4BtzA1Q7XYzdVNNI5HPA8eCIGbz9DAx8JzSWaDXZKFAvuDAlRo5uQByx_GvLrlsvaRk1GshT-PejAmJmeG8aikD72i2ynCCHOV8GDMkUb3c39qj8XMeHNdV5xPURwL3WLoudw/s400/mulher+ao+sol.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5280140271729971634" /></a><br />"...if I stay in one place I lose my mind<br />I'm a pretty impossible lady to be with<br />I sang along while I was swinging<br />the sound of our voices made us forget everything<br />that had ever hurt our feelings<br />I've got one hand on the steering wheel<br />one waving out the window..."<br /><br /><br />Vários são os medos que me possuem...<br />Tenho medo dos meus pensamentos... Dos meus pés... Às vezes a cabeça não agüenta.<br />Tenho medo de ser covarde, de me arrepender de não realizar algo que eu quis com muita força, somente por falta de coragem pra enfrentá-la depois... Medo do que podia ter sido e não foi.<br />Medo de ser sozinha ou ser infeliz... E de me sentir vazia ou de endurecer com o tempo.<br />Muitos medos e muitas certezas... Sou jovem!<br /><br /><br />Tem horas que me sinto fora do mundo. Parece que não me encaixo nessa minha vida. Talvez eu tenha vindo de algum cometa ou de algum asteróide bem pequeno... há pessoas que afirmam que o meu universo íntimo e minha visão da vida são tão minúsculos que nem eu mesma. Apesar disso eu tenho certo fascínio com o infinito.Penso que só posso conquistá-lo quando morrer...e as vezes eu espero por isso.<br /><br /><br />São os olhos que de tão densos, me puxam mar adentro, me arrastam pro fundo de um oceano revolto de sensações que ainda desconheço o nome.<br />Talvez seja uma pena que sentimentos não possam ser abortados... Talvez seja uma glória.<br />São desejos que me são vagos e confundem-se,torturando-me a existência.<br />E é nesse turbilhão de sinestesias, mutações em meu corpo inteiro, que eu já nem me habito mais, e me perco...<br />Tarde demais!<br /><br /><br />“_As pessoas são cegas ", assim você me disse no dia em que me ensinou a enxergar.<br />Sinto apagões de novo, escuridão seguida de uma sanidade lúcida e assustadora.<br />Estou com medo...<br />E minha vida?Está aqui em meus dedos, mas não sei o que fazer com ela... Esse poder é tão perigoso...<br />O mundo é só... E não vive só de fantasias e preciso ser forte o bastante para suportar verdades como essa. E o todo é hipócrita, e tem medo de sentir a imperfeição, os próprios erros... E por isso julga.<br />Preciso dos teus ouvidos... E dos olhos... E de tudo que não volta.<br /><br /><br />Você não sabe o que eu quero... e se soubesse nem entenderia. Só não fale do que não conheça e não me julgue mal. Certamente você nunca entende meus atos e nem entenderá.<br />Na maioria das vezes nem eu consigo. E não posso lhe oferecer explicações que não possuo. E não é sempre que traduzo meus sentimentos... Não tenho o teu bom senso... Nem mesmo gosto de bom senso!<br /><br />FridaTaináhttp://www.blogger.com/profile/12997859755662183995noreply@blogger.com1