Anoitece e Frida vem reclamar meu ser. Me invade sem respeito nem cuidado e me revira por dentro. São estes os dias que me empresto a ela.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ausencia


"...Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas..."

Ela abriu os olhos. Por um momento acreditou que sua vida toda fosse um sonho patético de alguém que fosse imenso e desejasse o mesquinho. Mas ela não sentia sua imensidão. Pousou os olhos ainda confusos sobre as roupas sujas no canto do quarto. Ela era verdade. Seu vazio era verdade. Seu tormento era verdade. Ela estava ali. E era real, por mais que isso a fizesse sofrer.
Sorri. Sorriso demente. Sorriso de quem procura enganar talvez as paredes ou as roupas que ainda exalam aquele cheiro. Não. O cheiro vem dela. Ela perdeu ate o seu próprio cheiro individual. Ela era o perfume dele. Por toda parte. E por toda parte o sentia. E podia até o ver entrando agora pela porta da sala, rindo de suas inseguranças, ouvindo os lamentos do dia-a-dia, o seu cansaço. Ela o sentia ali, olhando pras luzes de Natal e buscando os comprimidos dela na gaveta do armário.
A primeira gota de mar veio arder seus lábios mordidos. É como se lhe esfregassem a angústia na face coberta de falta. Falta que grita no seu corpo inteiro como se fosse uma necessidade. Então pensa que não ha como precisar tanto de algo que um dia não possuiu. Mas por mais que ela repita esta falácia para si mesma, a dor não passa.A falta ainda está ali...Acomodada,intensa,vazia.Nessa hora ela se lembra que a cozinha está desarrumada,o chão está sujo e os moveis empoeirados.E olhando pra fora do quarto,olhando pela porta que ele deixou entreaberta quando saiu,ela vê.Vê que a casa toda remete a solidão da sua alma.Remete a ausencia,a nostalgia,a lembrança que mais se parece presente de tão viva que é.
Pensa em fugir de casa. Ir embora, deixá-lo preocupado. Mas se da conta que agora a casa é só dela e que já não tem ninguém que sinta sua falta. ”A vida vai estar do jeito que você deixou. Sempre. Porque eu sei que vai voltar. E eu vou estar com a casa enfeitada de luzes de Natal.E vai me abraçar como se eu fosse criança pra depois me tocar como mulher. Assim como era antes. Assim como foi todo esse tempo.”. Pensamento infantil. Ela sabe que nada vai ser como fora um dia. Ela sabe que não haverá volta dessa vez. O amor acabou. O dele que era sufocado pelo amor dela. Amor este que era reprimido pelo sentimento de incondicional resignação de não ser correspondido à altura. Ele não suportava mais dever amor.

Frida

Um comentário:

  1. Lindo meu amor....sua cara...lanço para vc um desafio...olha, q sei q é desafio mesmo...escreva algo de feliz...vc tm varios momentos felizes q dariam um conto lindo, assim como vc...minha escritora+linda, irmã+sobrinha, filha+amada...amiga+amiga....te amuuuuuuuuuuu...luz da minha vida, razão da minha alegria!!!!

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