Anoitece e Frida vem reclamar meu ser. Me invade sem respeito nem cuidado e me revira por dentro. São estes os dias que me empresto a ela.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Caixinha mágica


"...Eu me lembro bem das suas ilusoes de menina
Me lembro tao bem das certezas dos personagens
Fantasias coloridas que voce me escrevia
Nos papéis pra eu ler
Nos papéis de escrever
Descrever voce..."

Eu me lembro das minhas ilusões de menina, quando me via presa somente a quem me amava incondicionalmente. Tempos que eu me julgava incapaz de amar por mim mesma. Livre.

Lembro-me bem das minhas antigas certezas, dos meus personagens e fantasias coloridas. Quando os obstáculos eram múltiplas negativas dos meus pais em vez do TALVEZ que a vida me oferece tentadoramente. Tempo que eu podia culpá-los por minhas dores.

Recordo-me dos dias em que eu definia o certo e o errado sem dúvidas.

Época que andar descalço era suficiente, que eu rolava na grama e gostava de frutas, sítios e bichos de estimação. Ria e chorava mais, me preocupava menos. Sentia em tempo integral.

Tenho lembranças constantes dos abraços naturais, de não me surpreender com espontâneos gestos de ternura. Lembranças dos simplórios gestos de carinho.

Sinto uma saudade sufocante de acordar sorrindo somente por ter um amor ao meu lado. Saudade de sentir que acordar ao lado de um amor já era o bastante pra querer sempre acordar.

Eu me lembro de quando eram delicados comigo sem exigir reciprocidade. Do tempo em que eu podia me dar ao luxo de ser indelicada. Época de compreensão. Quando eu perdoava e sabia curar mágoas profundas deixando microscópicas cicatrizes.

Lembro-me do tempo em que não enxergava meus defeitos e contradições, ou melhor, de quando o mundo não moldava estes detalhes em minha expressão cansada. Tempo em que meus cansaços não duravam mais que três dias ou uma noite de sono tranqüilo.

Lembranças de quando eu ainda reagia ao rumo da vida. Dias em que eu gritava, quebrava coisas, batia portas ou chorava compulsivamente pra passar a dor. Época que gritar aliviava e chorar resolvia minhas frustrações.

Eu me lembro tanto de crer no ser humano, dias em que eu via as nações como irmãs. E acreditava no fim dos preconceitos sem curar meus próprios preconceitos imbecis. Quando eu sonhava com o fim das guerras e das religiões e de tudo mais que separa o homem. Que a minha juventude mudaria o concreto com a coragem e força da bela idade. É que eu não percebia que a minha nova geração usa da sua força para se sobressair em meio ao todo. E utiliza da sua coragem para se satisfazer com a solidão. E que os jovens trocam pessoas por máquinas. E que eu também faço isso.

Lembro todas as manhas quando acordo da intensidade que eu prometi a mim mesma nunca me esquecer de quem eu fui. Nunca apagar minhas lembranças. Dessa intensidade em não aceitar a verdade como ela é e sempre me indignar com minhas crenças de criança. Nunca trair meus sonhos e conceitos.

Só me esqueci de olhar pra dentro de mim e perceber que antes de fazer algo por fora, deveria transformar meu interior para ser digna de ser mais. Desculpe-me criança, eu falhei.

Frida

2 comentários:

  1. falhar é uma palavra muito forte,
    e acho que não poderia ser usada aqui.
    a pessoa que narra essas lembranças ainda não abotoou o palitó, então,
    acho que nada está perdido,
    tudo tem reconstrução,
    as nações destruídas pelas guerras
    são mais fortes e influentes hj,
    porque souberam se reerguer,
    seria o mesmo conceito com os humanos,
    o segredo é nunca desistir,
    e as lembranças se tornarão boas e menos tortuosas...

    abraços e bjs
    do vagalume.

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  2. Eu mi indentifico em todos os seus textos ,
    Eu realmente queria pensar assim
    Mais nao da .
    Pq minha liberdade de expressão ,
    Ficou pra traz com a minha infancia .
    Na epoca qe eu podia falar qualqer besteira
    E nao mi proucupar com nada !
    É muito bom ler , tudo oq voc esta pensando
    E saber qe tem alguem no mundo ,
    Que pensa a mesma cooisa qe voc !
    Beeijos !

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